quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Senador destaca festa do Çairé

O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) irá saudar nesta quinta-feira (10) o município de Santarém, que realiza a partir de hoje o Festival do Çairé.

O parlamentar paraense afirma que a expressão cultural deve ser cada vez mais valorizada. 'A cultura de um povo é a afirmação mais palpável de sua identidade. Faço hoje uma saudação a um evento que será realizado nos próximos dias e que expressa bem toda a riqueza cultural do povo do Pará', aponta.

Ocorrerá na Vila de Alter do Chão, o festival do 'Çairé'. O nome, 'Çairé', originalmente dessa forma. Segundo a jornalista Franssinete Florenzano, natural de Santarém, Çairé deriva de 'Çai Erê', que significa 'Salve! Tu o dizes'. Uma saudação indígena.[língua Nhengatu]

Porém, como na língua portuguesa não existem palavras que comecem com 'ç', a grafia passou a ser com 'S' mesmo.

O 'Çairé' é a mais antiga manifestação da cultura popular da Amazônia. A festa resiste há mais de 300 anos e muitos deles sendo realizada em Alter do Chão, uma paradisíaca vila com 250 anos de história.

Sua origem remonta ao período da colonização, quando os padres jesuítas envolviam música e dança na catequese dos índios. Com as mudanças ocorridas ao longo desses 300 anos, o 'Çairé' ganhou novos contornos.

Atualmente, é festejado no mês de setembro e consiste em um ritual religioso que se repete durante o dia, culminando com a cerimônia da noite - ladainhas e rezas - seguida da parte mais festiva, representada pelos shows artísticos (com apresentações de danças típicas) e pelo 'confronto' dos botos Tucuxi e Cor-de-Rosa.

São cinco dias de muita música, dança e rituais resultantes do enlace cultural entre portugueses e índios da região do Tapajós.

O historiador Carlos Roque aponta que 'Çairé' é um semicírculo de madeira, que contém o relato bíblico do dilúvio: o grande arco representa a arca de Noé; os espelhos, a luz do dia, os doces e as frutas, a abundância de alimentos existentes na arca; o algodão e o tamborim, a espuma e o ruído das ondas durante os 40 dias de dilúvio. Os três semicírculos simbolizam a Santíssima Trindade e as três cruzes o calvário, com Jesus Cristo Crucificado entre os ladrões.

Além dos rituais que envolvem o Çairé, chama a atenção dos turistas que lotam a cidade, a apresentação dos Botos Tucuxi e Cor-de-Rosa.

O Boto é comum nas águas do Rio Tapajós. É também chamados pelos índios de Pirajaguara, ou peixe-onça. O boto tem como virtude ser amigo do homem, amparando náufragos e conduzindo o alimento à rede do pescador. Daí tornar-se, segundo a iconografia cristã, símbolo da Eucaristia.

'Ou seja, o turista que for a Santarém, poderá conhecer um pouco da história de nosso povo, de nossa cultura, de nossa culinária, de nossa música e dança. E, ainda, poder visitar uma das praias mais belas do Brasil, segundo o jornal inglês The Guardian', destaca Flexa Ribeiro.

'Portanto, o 'Çairé' é uma manifestação que remonta aos tempos de convívio entre indígenas e jesuítas. Mostra a fraternidade de nossa gente, que recebe culturas diferentes, as incorpora e transforma, criando uma nova identidade, bem própria. Valorizando nossa cultura local, somos cada vez mais globalizados. Por isso, saúdo o Çairé e o povo de Santarém e do Oeste do Pará por esses dias de festividade. E que essa cultura se perpetue por gerações, recebendo maior atenção do poder público, que deve sempre valorizar nossa cultura', ressalta o senador paraense.
(Fonte: Assessoria parlamentar)

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