A TV RBA, do deputado federal Jader Barbalho, surpreendeu a todos ao anunciar, no dia 26 de julho, o início das suas transmissões em sistema digital no Pará, nove dias antes da assinatura, em Brasília, dos termos de consignação, pelo Ministério das Comunicações, dos canais digitais de Belém. No dia 10 de setembro a TV Liberal, da família Maiorana, anunciou com estardalhaço muito maior que era pioneira na adoção da nova tecnologia, que dá aos sinais de televisão uma qualidade muito superior, além de lhe dar acesso à portabilidade, interatividade e várias outras inovações.
Ambas as emissoras diziam um tanto de verdade em meio a outro tanto de sofismas e inverdades. De fato, a RBA deu uma rasteira na Liberal. Trabalhou redobrado – e em silêncio – para estar no ar com o novo sinal, ainda que parcialmente, antes da concorrente, que se atrasou no cronograma. Na festa de confraternização do grupo Liberal no final do ano passado, Romulo Maiorana Júnior garantiu que em janeiro deste ano a sua televisão estaria no ar com o sinal digitalizado. Mas só oito meses depois a promessa foi cumprida.
A RBA foi a primeira afiliada da Rede Bandeirantes a fazer transmissão em HD (sigla de alta definição em inglês), apenas atrás das emissoras da própria Bandeirantes em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Já a Liberal foi a 20ª da Rede Globo, atrás de outras capitais menores e de cidades do interior paulista, que começaram a operar antes com a nova tecnologia, uma revolução no sistema que pode dar fôlego às TVs abertas.
Esse atraso pode explicar a ausência dos três irmãos Marinho, que se revezaram nas inaugurações anteriores e apenas mandaram para Belém dois diretores da rede, inferiores na hierarquia? Ou foi apenas uma circunstância, em função da indisponibilidade de data na agenda dos sucessores de Roberto Marinho na Globo, assim como foi casual a ausência da principal controladora do grupo Liberal, Déa Maiorana?
O pioneirismo da TV RBA lhe acarretou uma limitação: apenas retransmitir a programação da Bandeirantes, enquanto a Liberal já pôde gerar programa próprio em HD. Mas para ambas o caminho ainda é longo até poderem utilizar todas as conquistas do sistema. A TV Liberal investiu 5 milhões de reais dos R$ 30 milhões que a implantação integral exigirá do grupo, que enfrenta dificuldades de caixa. Ambas as emissoras utilizaram todos os recursos de marketing e propaganda para faturar os dividendos de suas iniciativas, que não são apenas técnicas ou comerciais. Elas envolveram e continuarão a carrear componentes políticos, que podiam ser aferidos nas duas solenidades realizadas para inaugurar o HD. Comparando a relação de quem compareceu a um ato e a outro pode-se ter uma idéia das alianças e afinidades com que cada uma das empresas conta para seus projetos de comércio e de poder, aqueles cada vez mais dependentes destes.
Um comentário:
nesta disputa de pioneirismo quem lucra mesmo e agradece é o povo, o maior nem sempre é o melhor.
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