quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Verba do Hospital Regional foi reduzida em 25%

Cilícia Ferreira
Repórter

O diretor do Hospital Regional do Baixo-Amazonas, Jeferson Machado, revelou durante a sessão da Câmara de Vereadores, realizada na última quarta-feira, que a Secretaria de Estado de Saúde Pública fez um corte significativo no orçamento da instituição , que antes era de cerca de R$ 5,5 milhões mensais está em torno de R$ 4,1 milhões. O impacto, segundo o diretor, " foi de 25% dos recursos".
O diretor tentou minorizar o efeito da crise expondo um comparativo dos serviços prestados pelo hospital desde a inauguração até hoje. Mas o comparativo que os vereadores e médicos contrapusessem o diretor. Ele explica que quando o contrato foi firmado, constavam as metas quantitativas de atendimentos. "O valor seria reajustado conforme os números de atendimentos", disse.
A crise no Hospital Regional do Baixo Amazonas foi a pauta da quarta-feira (14) na sessão especial da Câmara. A sessão aconteceu em decorrência da insatisfação dos vereadores quando visitaram o HR na semana passada para pedir explicações sobre as denúncias de demissões feitas pela gestora do hospital onde não foram recebidos pela direção da unidade.
A sessão especial contou com a presença dos 14 vereadores de Santarém e do Deputado estadual Alexandre Von, além de representantes da SESPA, Pró-Saúde (gestora do HR), mais de 20 médicos, acadêmicos de medicina, Conselho Municipal de saúde, vereadores do Baixo-Amazonas (Alenquer, Belterra, Juruti, Medicilândia), o prefeito de Trairão e representantes da sociedade em geral.
Os convidados deixaram a desejar nas explicações dadas na tribuna. Limitaram-se em explicações vagas. Leoni Rocha, assessor da SESPA, fez uma retratação pública com relação ao não recebimento dos vereadores e da imprensa pela direção do Regional. Disse que a Pró Saúde estava autorizada em receber os vereadores, mas não podia informar dados sem o consenso da SESPA.
Ficou acordada entre os vereadores e a SESPA a presença da secretária Silvia Cumaru na sessão do dia 14, mas o assessor justificou a ausência da secretária por falta de passagens disponíveis para a data. Sob vaias o representante da SESPA continuou o discurso dizendo que todos os dados constam em uma planilha feita pela SESPA.
O que revoltou os presentes foi a vinda do assessor sem a confirmação oficial dos dados. Ele foi questionado por vários vereadores por não possuir documentos que subsidiasse sua fala.
Leoni Rocha afirmou apenas que no contrato e o termo aditivo constam um repasse anual de cerca de R$ 65 milhões e, esse aditivo está à disposição de discussão. O que ocorreu foi uma repactuação dos serviços. O Hospital Regional é de média e alta complexidade, mas estava operando com atendimentos de baixa complexidade, fugindo do perfil da unidade. Devido a isso, os serviços foram readaptados ao perfil que o hospital é proposto. Acarretando redução de recursos.
Demissões
Na tribuna o diretor do Hospital Regional não falou sobre as demissões, pois ficaria a cargo da SESPA. Mas, em entrevista, disse que foram 83 demitidos e que "as demissões aconteceram porque o HR terá que atender ao perfil diferente do atual. Os serviços ficarão concentrados em um perfila baseado no território que a SESPA redefiniu. Conseqüentemente, o orçamento mudou acarretando a redução de pessoal", explicou.
Segundo Jeferson, o retorno dos funcionários com o quadro atual não está descartado, mas só se houver mudanças favoráveis para o quadro talvez haja o retorno dos demitidos.
O médico Luis Rodolfo Carneiro discorda da fala dos representantes da SESPA e da Pró- Saúde. Exemplificou com a situação do gerenciamento municipal de Santarém cuja secretaria de saúde consegue gerenciar com um recurso aproximado de pouco mais de R$1 milhão por mês. Questionou o restante dos recursos que a Pró-saúde tem para aplicar no HR. Sugeriu que até a próxima sessão pública dia 27/10 com a presença da secretária estadual de saúde, o HR volte a funcionar normalmente. Até porque, segundo o ele, não foi dada nenhuma explicação para a população, para os médicos e funcionários. Em entrevista defendeu a opinião dos médicos na continuação dos serviços e argumentou que se a SESPA precisa reduzir recursos que se faça uma redução linear e de custos ao invés de extinguir serviços, seria mais justo com a população, com os médicos e os demais funcionários.
Os serviços que estão funcionando são os de fonoaudiologia, dermatologia, reumatologia, endocrinologia, oftalmologia, cirurgia buco-maxila-facial.
O Deputado Alexandre Von avaliou a sessão de forma positiva por um lado, onde as questões da população foram expostas para os responsáveis. Mas por outro lado foi vazia, pois não alcançou os esclarecimentos devidos sobre o desmonte feito no Hospital Regional, pois "os representantes perderam uma oportunidade de ouro de abrir a 'caixa preta' do gerenciamento do hospital", afirmou. O deputado confirmou presença na próxima sessão.

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