sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Queima da madeira no Arapiuns: duas posturas do procurador

Durante o tempo em que permaneceu na ponta do Pedrão, em São Pedro do Arapiuns, o procurador federal Claudio Henrique Machado não reprovou a queima de madeira das balsas retidas pelos manifestantes no rio Arapiuns, mas ao retornar a Santarém, no dia seguinte, deu entrevista para a imprensa nacional condenando o ato cometido por líderes que se autodenominam indígenas.

Cláudio Henrique não emitiu opinião antes do episódio, preferindo manter-se silencioso quando entrevistado por jornalistas que cobrim a manifestação. O procurador, no entanto, não estimulou nenhum ato de vandalismo por parte dos manifestantes, limitando-se a responder os questionamentos das lideranças durante a reunião da qual participou em companhia do procurador municipal Renato Alho e do chefe do Ideflor em Santarem Joaquim Vieira.

Na última reunião em que foi decidido a queima da madeira, o procurador já não mais se encontrava no interior do acampamento e já tinha se dirigido até a lancha da Marinha, de onde pode avistar a movimentação das lideranças para a efetivação do incêndio e ainda as primeiras fumaças da madeira que começava a ser destruída.

Instado pelos repórteres de Santarém, que o aguardavan às margens do rio, Cláudio Henrique afirmou que "não havia mais nada a se fazer".

Leia trechos da entrevista do procurador Claudio Henrique Machado ao Globo Amazônia:

O MPF soube com antecedência que as toras seriam incendiadas. Por que nada foi feito para que isso não ocorresse?


Nós conversamos com as lideranças para que eles pensassem bem e não fizessem aquilo ali, porque aquilo geraria responsabilidades e problemas na opinião pública, talvez a opinião pública fosse desfavorável a eles. Porém, a decisão já tinha sido tomada e não tinha muito o que fazer. Agora, é aguardar. Quem fez isso vai sofrer a responsabilidade, provavelmente vai ser instalado um inquérito e apurada a responsabilidade.

Então o MPF considerou o incêndio um ato criminoso?

Com certeza. O Ministério Público Federal não concorda com esse tipo de atitude, mas a gente só fica preocupado para que não se mude o foco, que não se dê relevância somente a esse aspecto. As outras questões que eles vêm reivindicando continuam evidentes, que é a falta de fiscalização e a morosidade na demarcação da terra indígena.

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