quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Feito advocatício

Lúcio Flávio Pinto
Editor do Jornal Pessoal


Os Cavalcante conseguiram realizar uma façanha: o filho sucedeu ao pai na presidência do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. Alguma família já repetiu o feito na longa história da mais poderosa entidade classista do Brasil, que representa a elite ainda mais influente no país? Não vou pesquisar, mas não me lembro de nada igual. Ophir Cavalcante Júnior assumiu o cargo máximo da OAB nacional pouco mais de uma década depois do pai, Ophir Filgueiras Cavalcante, seguindo-lhe fielmente as pegadas ascensionais.

Ambos ocuparam a presidência da entidade estadual, fizeram carreira na representação federal e passaram ao topo depois de um árduo trabalho corporativo. Não foi tarefa fácil, apesar do critério adotado pela Ordem, de fazer rodízio entre as cinco regiões brasileiras. Assim, passou a atender as seccionais de todo país. Só que para a eleição de Ophir Júnior nem houve disputa: ele foi aclamado, só não unanimemente por causa da resistência inicial dos mineiros. Mas o suficiente para que a vez não fosse para o Amazonas, de onde saiu Bernardo Cabral, ou para qualquer outro Estado amazônico.

O fato foi muito comemorado entre advogados que também fizeram parte do revezamento no plano local. Mas não parece ter suscitado repercussão mais ampla, proporcional ao significado da empreitada dos Cavalcante. Talvez porque a OAB de presidentes como Raymundo Faoro, que se tornaram referência não só para as atividades corporativas de uma categoria, mas para a sociedade como um todo. Faoro foi jurista, além de um intérprete do Brasil definitivamente incorporado à bibliografia nacional. Há quanto tempo personagem de estatura equivalente ou aproximada não passa pelo alto da corporação dos advogados?

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