quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

POÇO ESTÁ CONCLUÍDO, MAS ÁGUA NÃO CHEGA ÀS TORNEIRAS

Ciícia Ferreira
Repórter

A falta d'água nas torneiras é um problema antigo de muitos santarenos. Os moradores do bairro da Nova República que o digam. Já foi construído um novo poço de abastecimento para atender toda a grande área da Nova República (Nova República, São Francisco, Vitória Régia, Matinha, Santo André). Mas o poço ainda não está funcionando, deixando os moradores numa situação crítica.
Segundo o novo diretor da COSANPA em Santarém, Edimar Rosas dos Santos, o poço ainda não entrou em funcionamento devido à falta da bomba. O diretor informou que a solicitação da bomba foi feita junto à companhia em Belém. "Estamos esperando chegar [a bomba], mas não tem nenhuma previsão de que dia ou mês para isso acontecer", explicou o diretor.
O novo diretor afirma que o problema é causado pela expansão da área do bairro resultando num aumento populacional que um poço apenas não deu conta da demanda. Por isso a implantação de um novo poço.
O primeiro poço que abastece o bairro está com problemas que ainda não foram detectados. Segundo Edimar, será preciso retirar a bomba e a tubulação interna para averiguar qual o problema. "O poço está funcionando com dificuldades, a água está sendo bombeada, mas acaba voltando, por isso o abastecimento está deficiente", diz o diretor.
Edimar diz que para o novo poço entrar em funcionamento depende da bomba, que, segundo ele, já foi solicitada junto à direção geral da empresa, mas não garantiu nenhum prazo. De acordo com o diretor regional, a demora da chegada da bomba deve-se a um fator atípico no Brasil: o PAC. "São tantas obras que as fábricas não conseguem produzir de acordo com a demanda", explica.
A direção local da COSANPA diz o problema será solucionado totalmente a partir da instalação da bomba e ampliação da rede no bairro, essa última prevista somente para as obras do PAC 2.
Clodoaldo Rêgo, presidente da Associação dos Moradores do bairro da Nova República (ASMOBNOR), conta que os moradores estão descontentes com o abastecimento de água no bairro. Segundo ele, o primeiro poço da COSANPA já tem dez anos e não supre mais a necessidade dos moradores. O presidente da associação conta que devido ao aumento populacional do bairro, a COSANPA cavou um novo poço, como medida emergencial, para garantir o abastecimento da grande área da Nova República até que o bairro seja contemplado com as obras do PAC 2, previsto para iniciar a partir de setembro de 2010. Conforme informações de Clodoaldo, o poço tinha data de entrega para 26 de junho de 2009, mas até agora não funciona.
Várias ruas do bairro estão sem águas nas torneiras. A parte mais alta do bairro está numa situação mais delicada. De acordo com moradores da Travessa 7, entre Rua A e Rua B, nem de madrugada a água chega. Além de culpar a COSANPA pelo problema, eles atribuem a falta de água às invasões próximas ao bairro.
"Acredito que a água falta aqui em cima para nós, porque tem muita invasão, tem muita gente fazendo 'gato' de água", conta Myrlys Viana, moradora revoltada com a situação.
Myrlys diz que conta com a solidariedade de uma amiga que mora na rua de trás de sua casa. "Meu marido vai buscar água no balde para não ficarmos sem nada aqui", explica.
Segunda a moradora, o caminhão pipa que passa no bairro cobra 10 reais por cada mil litros de água. Myrlys conta que para lavar roupa da família precisa ir até a casa de sua sogra, pois a água realmente não chega a sua residência. Até para beber é difícil, diz a moradora. "A gente tem que comprar água do caminhão pipa, ou pedir de quem tem poço", conta a moradora desolada.
Já Joelson Reis, morador da Travessa 7, conta que a vizinha abastece a casa dele a cada três dias. "Pegamos água da vizinha pela mangueira", conta o morador. Na casa de Joelson o reservatório de água tem cerca de mil litros e, segundo ele, dá para passar três dias com muita dificuldade, mas não pode pedir água todos os dias para não abusar da boa vontade da vizinha,
Irene Vasconcelos e o marido, cansados de sofrer com a escassez de água, resolveram economizar e comprar aos poucos os materiais necessários para a perfuração de um poço artesiano. Dona Irene conta que compraram primeiro os canos e os materiais menores e guardaram, depois juntaram dinheiro para mão-de-obra e, só agora, conseguiram mandar cavar o poço. De acordo com ela, cada metro perfurado custa 22 reais, a bomba submersa cerca de 1mil e 400 reais e ainda tem a mão-de-obra. "São quase 3 mil reais ao todo que vamos gastar para fazer o poço", comenta Irene.
Além de passar todas as dificuldades pela falta de água, alguns moradores ainda precisam se arriscar altas horas da madrugada para esperar o líquido precioso chegar às torneiras. É o caso de dona Ideuzita Maciel, moradora da Rua B. Ela conta que a água chega a sua casa por volta de 2 horas da madrugada - e quando vem. Dona Ideuzita é uma senhora idosa e doente das pernas, não pode fazer muito esforço físico, tem dificuldades até de caminhar. Segunda a aposentada, quem a ajuda é uma neta que vai dormir, de vez em quando com a avó para conseguir 'aparar' água na caixa.
"Se não fosse minha neta, não sei como seria (...) moro sozinha com meu marido e sou doente e não posso fazer quase nada em casa", explicou dona Ideuzita.

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