terça-feira, 16 de março de 2010

Santarena relata drama do escalpelamento

Quando tinha apenas 11 anos, Zenaide Souza fez uma viagem de barco de Belém a Santarém. As marcas do passeio não foram registradas em fotos, mas até hoje não saíram da memória dela. Zenaide foi mais uma das vítimas de escalpelamento, provocado por eixos de motor descobertos nos barcos da Amazônia.

Hoje, aos 29 anos, Zenaide diz que sua vida mudou completamente depois do acidente, e se integra aos que buscam prevenir, pela orientação, que novos acidentes aconteçam. “Na época eu nem sabia o que era esse negócio de escalpelamento. Hoje conheço todos os riscos e, sempre que posso, aconselho outras meninas para que não aconteça o mesmo com elas”.

Com o mesmo intuito de orientação, foi lançada na última quinta-feira a Campanha Nacional de Combate ao Escalpelamento, que reúne instituições de todas as esferas de poder, entidades de classe, iniciativa privada e demais segmentos sociais.

Ontem, na sede do 4° Comando do Distrito Naval em Belém, representantes da Marinha do Brasil reuniram-se para explicar as ações da Marinha para contribuir com redução no número de acidentes. Somente no ano passado, 21 mulheres foram vítimas de escalpelamento no Pará. “Nossa meta é conseguir zerar esse número”, disse o vice-almirante Rodrigo Honkis.

A Marinha fará a fabricação de protetores de eixos para as embarcações. No Pará, 19 municípios serão alvo da campanha e cerca de 34 mil embarcações devem receber a proteção. O material será confeccionado e distribuído pela própria Marinha. O primeiro município a receber o material será Breves.

Para Zenaide, a campanha nacional é uma excelente iniciativa. “Eu não desejo que ninguém sofra o mesmo que sofri. Foi a pior coisa que aconteceu em toda minha vida. Espero que essas campanhas alertem muitas meninas e mulheres. E que os donos dos barcos também fiquem mais conscientes”. (Diário do Pará)

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