Marcírio Siqueira Assunção, paraense de Óbidos, fez 100 anos no último 12 deste mês. Além de um violino, ganhou outro presente: 12 de suas composições serão gravadas em CD pelo violonista santareno Sebastião Tapajós e um grupo instrumental. Seis dessas músicas têm letras, e serão interpretadas pela cantora belenense Andréa Pinheiro.
A decisão de gravar o CD foi tomada por Sebastião Tapajós depois que ele conheceu uma série de composições de Marcírio. O próprio Tapajós selecionou o repertório para o disco. Ouviu as músicas executadas ao violão, algumas delas cantadas, pelo autor, em gravações que uma filha do compositor, a ictióloga Ivaneide Assunção, fez em períodos de férias na casa dos pais, na cidade de Óbidos. Nas décadas de 1920 e 1930, durante a adolescência e o início da idade adulta, Marcírio foi tocador, cantor e compositor de Marabaixo, folias de santo, lundu-chorado, e outros gêneros musicais, tendo integrado um conjunto de pau-e-corda, na cidade natal.
Na opinião de Tapajós, "as músicas de Marcírio são simples, mas têm consistência. São bem elaboradas, têm princípio, meio e fim". Ele observa, também, que o repertório selecionado é expressivo da música dos negros descendentes de escravos e da música urbana tradicional da região do baixo-Amazonas. Dessa representatividade aponta como exemplos um lundu-chorado, um marabaixo, raridade que subsiste apenas no Amapá, e dois temas criados para um cordão de pássaros obidense, que já não existe. Na produção musical de Marcírio destacam-se, ainda, mazurcas, dobrados e valsas. Autodidata, ele toca violão, violino, cavaquinho e banjo. Marcírio se encontra em Belém, na residência de Ivaneide, após superar problema de saúde.
(Fonte: Jornal Amazônia)
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