sábado, 10 de abril de 2010

Definições partidárias

Lúcio Flávio Pinto:

O PR do vice-prefeito licenciado de Belém, Anivaldo do Vale, deverá se aliar ao PT do Pará na eleição deste ano. É o que sugere a movimentação de Anivaldo, que poderá vir a ser o companheiro de chapa da governadora Ana Júlia Carepa. Ele é responsável pelo preenchimento de vários cargos da administração federal no Estado, que não pode dispensar, sob pena de enfraquecer seu partido e inviabilizar seus projetos pessoais de poder, que incluem o filho, o deputado federal Lúcio do Vale.

Por isso, o PR se dissociou do PTB, com o qual fez a coligação vitoriosa para a última eleição municipal. Não foi um rompimento aberto e definitivo, mas o PTB não acompanhará seu parceiro. O prefeito Duciomar Costa não será candidato a nada neste ano, permanecendo no cargo até o prazo de desincompatibilização para a eleição seguinte.

O lançamento do nome do empresário Fernando Yamada como candidato do partido ao governo, ainda que seja apenas uma manobra de sondagem do terreno, pode indicar que o PTB não apoiará a reeleição de Ana Júlia (mesmo sendo aliado nacional de Lula) nem embarcará na canoa do PMDB no 1º turno. Terá candidato próprio e depois negociará com aquele que tiver melhor oportunidade de vencer no 2º turno, o que inclui o PSDB de Simão Jatene (que o ajudou a eleger-se prefeito), além do PT e do PMDB. É Duciomar, como sempre, procurando o maior rendimento possível.

Engana-se quem pensa que Fernando Yamada não tem aspirações políticas. Além de ter integrado a administração do governo Hélio Gueiros (1987/1990) como secretário de indústria e comércio, ele nunca se desvinculou de políticos e sempre cultivou sua presença em público. Mas aquilo que o torna economicamente forte o enfraquece politicamente: sua empresa, dona da maior rede de varejo do Pará, dentre vários negócios. Num palanque, ele se tornará vulnerável a determinados ataques, sobretudo em matéria de sonegação de impostos e desvio de dinheiro, acusação que já lhe acarretou uma prisão temporária pela Polícia Federal.

Motivado pelo convite de Duciomar, Fernando deve estar avaliando a tentação de entrar na política, pela qual voltou a ser atraído quando se filiou ao PTB, no final do prazo legal para poder participar da eleição de outubro. A filiação surpreendeu o mundo político, que supunha Fernando desinteressado do poder. Ele pode dar o passo que custou tão caro ao também empresário Sahid Xerfan, quando deixou os bastidores e entrou no palco aberto. Ele foi prefeito, disputou (e perdeu para Jader Barbalho) o governo do Estado e agora só consegue votos para se eleger vereador, tendo sacrificado suas empresas.

Fernando também pode desistir da aventura. O convite em si, porém, já bastaria para transmitir um recado do PTB: nada com o PT no 1º turno no Pará. A não ser que tudo não passe de mais um lance para surpreender a opinião público com o inverso do que é declarado (como uma dobradinha Ana-Fernando). O que não seria nenhuma novidade na temporada atual, nesta como nas anteriores,

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