Estima-se que cerca de 10 mil brasileiros dedicam-se ao garimpo ilegal na Guiana Francesa.
Parlamentares ouvidos pela Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional nesta terça-feira (13) reclamaram da repressão de autoridades francesas e do Exército brasileiro aos garimpeiros que exploram ilegalmente minas no território da Guiana Francesa.
O deputado estadual e presidente da Comissão de Relações Exteriores da Assembleia Legislativa do Amapá, Paulo José da Silva Ramos, criticou o tratamento dado pela polícia francesa aos brasileiros. Segundo Paulo José, cerca de 30 pessoas deportadas da Guiana Francesa chegam ao aeroporto de Macapá em três voos semanais.
Para o deputado, a ponte a ser construída entre o Brasil e a Guiana “pode se transformar num muro de Berlim”, com os pobres impedidos de transpô-la. Ele exibiu um vídeo onde são registradas as difíceis condições de deslocamento da população brasileira, obrigada a passar por trilhas de difícil acesso na mata carregando alimentos, para evitar a passagem pelo território francês, que seria um caminho mais fácil para suas localidades.
O comandante da 23ª Brigada de Infantaria da Selva, general de brigada Mário Lúcio Alves de Araújo, explicou ao parlamentares que o Exército impede a circulação de combustíveis e alimentos que possam ser usados no apoio das atividades ilegais de garimpo, sem cercear o direito de ir e vir dos moradores. “O Exército realiza o controle, não o bloqueio dos deslocamentos”, garantiu o comandante.
A deputada Dalva Figueiredo (PT-AP), no entanto, pediu a definição de critérios mais claros sobre o transporte de mercadorias, para que a população não fique à mercê da decisão subjetiva do soldado que está fazendo o controle. “Ninguém quer proteger qualquer atividade ilegal. Queremos os brasileiros tratados com dignidade”, afirmou a parlamentar - que propôs a realização da audiência.
O deputado Sebastião Bala Rocha (PDT-AP) criticou a atuação do Exército brasileiro, não só da polícia francesa. “As decisões entre Sarkozy e Lula passam por cima do diálogo com a população, excluída da discussão sobre a sua própria sobrevivência.”
Os participantes da audiência pediram, unanimemente, a negociação com as autoridades francesas sobre a liberação da passagem da Gran Roche para os brasileiros já vistoriados pelo nosso Exército e a implementação de uma política nacional integrada de desenvolvimento, que proporcione alternativas econômicas viáveis à população que hoje vive do garimpo ilegal.(Agência Câmara)
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