- Oh! que saudades que tenho
- Da aurora da minha vida,
- Da minha infância querida
- Que os anos não trazem mais!
- Que amor, que sonhos, que flores,
- Naquelas tardes fagueiras
- À sombra das bananeiras,
- Debaixo dos laranjais!
- Como são belos os dias
- Do despontar da existência!
- — Respira a alma inocência
- Como perfumes a flor;
- O mar é — lago sereno,
- O céu — um manto azulado,
- O mundo — um sonho dourado,
- A vida — um hino d'amor!
- Que aurora, que sol, que vida,
- Que noites de melodia
- Naquela doce alegria,
- Naquele ingênuo folgar!
- O céu bordado d'estrelas,
- A terra de aromas cheia
- As ondas beijando a areia
- E a lua beijando o mar!
- Oh! dias da minha infância!
- Oh! meu céu de primavera!
- Que doce a vida não era
- Nessa risonha manhã!
- Em vez das mágoas de agora,
- Eu tinha nessas delícias
- De minha mãe as carícias
- E beijos de minha irmã!
- Livre filho das montanhas,
- Eu ia bem satisfeito,
- Da camisa aberta o peito,
- — Pés descalços, braços nus
- — Correndo pelas campinas
- A roda das cachoeiras,
- Atrás das asas ligeiras
- Das borboletas azuis!
- Naqueles tempos ditosos
- Ia colher as pitangas,
- Trepava a tirar as mangas,
- Brincava à beira do mar;
- Rezava às Ave-Marias,
- Achava o céu sempre lindo.
- Adormecia sorrindo
- E despertava a cantar!
- ................................
- Oh! que saudades que tenho
- Da aurora da minha vida,
- Da minha infância querida
- Que os anos não trazem mais!
- — Que amor, que sonhos, que flores,
- Naquelas tardes fagueiras
- À sombra das bananeiras
- Debaixo dos laranjais!
domingo, 11 de abril de 2010
Meus oito anos
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