Principal articulador político do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, não quis comentar as declarações do deputado federal petista Zé Geraldo com críticas ao PMDB do Pará. Deixou claro, contudo, que a opinião do parlamentar não representa o Partido dos Trabalhadores (PT), tampouco o governo de Ana Júlia Carepa.
“Não vou avaliar declaração de deputado de partido A ou B. A governadora tem um coordenador político novo, o chefe da Casa Civil, Everaldo Martins. É ele quem conduz a ação política do governo e o PT tem um presidente estadual (João Batista). Eu ouço essas pessoas. Para mim, são elas que falam em nome do governo e do PT do Pará”, disse Padilha, que desembarcou ontem em Belém para uma série de compromissos, entre eles a inauguração de um restaurante popular no município de Ananindeua, encontros com os prefeitos Helder Barbalho e Duciomar Costa e com a governadora Ana Júlia Carepa.
Em pronunciamento feito ontem pela manhã na tribuna da Câmara Federal, o deputado petista disse que as lideranças do PT “estão perdendo a paciência com o PMDB” que, segundo ele, está emperrando a aprovação de quase R$ 700 milhões em empréstimos ao governo prejudicando assim a reeleição de Ana Júlia.
Padilha disse não acreditar que as articulações que têm atrasado a aprovação do empréstimo sejam fruto de disputa eleitoral. “Eu acho que os deputados querem maiores esclarecimentos. Estão dialogando com o governo do Estado e torço para que estejam à altura do volume de recursos que o governo federal quer liberar para o Pará”.
Padilha repetiu que ainda trabalha pela aliança do PT com o PMDB no Estado e disse ter esperanças de que os dois vão caminhar juntos desde o primeiro turno. “Ao presidente Lula interessa que todos os partidos da base aliada estejam juntos aqui no Pará. Essa é a melhor forma de ganhar a eleição e dá uma grande vantagem de votos à candidata Dilma Rousseff, além de garantir a reeleição de Ana Júlia.
Indagado sobre a declaração de Zé Geraldo de que o PMDB estaria trabalhando contra a reeleição de Ana Júlia, o ministro disse entender que os movimentos dos peemedebistas no Estado que têm feito críticas ao governo fazem parte do momento político de formação das chapas.
O deputado federal Paulo Rocha (PT) afirma que o colega Zé Geraldo “está destoando da posição partidária”. E ressaltou que as declarações de Geraldo não representam o partido. “É uma opinião individual. O PT tem decisão de buscar a unidade política”. Rocha negou que tenha pensado em desistir de concorrer ao Senado. Disse que a candidatura está “fortíssima”. “Essa é a estratégia política definida pelo PT há um ano”. Zé Geraldo admitiu que não fala institucionalmente em nome do governo e do PT, mas afirmou que suas declarações refletem o pensamento de lideranças da legenda.
>> Para Parsifal, declarações são “erro de cálculo”
Líder do PMDB na Assembleia Legislativa, o deputado Parsifal Pontes classificou a acusação de Zé Geraldo de que o PMDB estaria impedindo a aprovação de autorizações de empréstimos ao governo de Ana como resultado de “um erro de cálculo”. “O PMDB tem 7 deputados de um total de 41. Se fosse apenas o PMDB que não quisesse aprovar, o governo já o teria feito”. Em trecho do discurso que não chegou a ser lido na tribuna, mas foi entregue à presidência da Câmara para que “recebesse ampla divulgação”, Zé Geraldo diz que o PMDB usufrui do governo, mas não ajuda. O texto foi divulgado no site e ontem à noite Geraldo informou que passaria cópia aos prefeitos e lideranças no Estado.
Parsifal negou que o PMDB seja contra os empréstimos. Segundo ele, a legenda tem questionado apenas a forma como o governo estaria tentando a aprovação. “Até agora não recebemos nenhuma modificação quanto ao projeto de empréstimo de R$ 366 milhões. O governo quer uma carta em branco. Queremos saber onde os recursos serão aplicados”. Sobre as declarações de Zé Geraldo de que o PMDB trabalharia contra a reeleição de Ana Júlia, Pontes não poupou artilharia. “Nunca ouvi do deputado Jader que ele não quer a reeleição da governadora. Mas se de fato não quiser, não estará sozinho: 60% dos paraenses também não querem, incluindo a mim”.
(Diário on line)
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