So Blog do Gerson Nogueira
Com excelente aproveitamento nas finalizações, o Águia derrotou o Remo por 2 a 0, neste domingo à tarde, e conquistou o returno do campeonato estadual. De quebra, ganhou também a vaga à Copa do Brasil 2011. Samuel Lopes e Vítor Ferraz marcaram os gols marabaenses, cada um num tempo de jogo. Ao final da partida, enquanto João Galvão comemorava a conquista abraçado a seus jogadores, entremeando orações e gritos eufóricos, o técnico Giba analisava o jogo de maneira surpreendente: segundo ele, o Remo dominou as ações e sofreu dois gols nas únicas chances criadas pelo adversário. Aparentava a calma habitual, avaliando que não é possível ganhar sempre, aparentemente conformado com o resultado.
A partida foi bem diferente da análise do técnico remista. No primeiro tempo, o Águia mostrou sempre mais disposição em campo, partindo com mais determinação e objetividade ao ataque, defendendo-se com segurança. No setor de criação, apesar da postura discreta, Soares foi sempre superior aos meias remistas Gian e Vélber, que confundiam-se no posicionamento. Gian, tradicionalmente um jogador de lançamentos, aparecia na área do Águia tentando fazer jogadas com Marciano, enquanto Vélber não encontrava função, ora caindo pela esquerda do campo, ora centralizando as jogadas, facilmente desarmadas pela marcação marabaense.
Logo nos primeiros minutos, o Remo esteve mais presente no ataque, embora sem finalizar com perigo. Aos 5 minutos, falha da defesa remista em escanteio para o Águia resultou no primeiro gol da partida. A zaga afastou o cruzamento e a bola sobrou para Samuel Lopes, que, sem marcação, bateu forte e abriu o placar. O gol tirou a vantagem remista e mudou as características do jogo. O Águia ficou mais cauteloso e o Remo tentava chegar com lançamentos para Landu e Marciano. O problema é que o bloqueio da zaga se manteve firme, não dando oportunidades a Landu e evitando que a bola chegasse a Marciano, que teve atuação apagada.
Gian tentava lançamentos esporádicos para o ataque, mas em nenhum momento o Remo conseguiu criar jogadas que envolvessem a marcação. Não conseguia também acertar os arremates de fora da área. Didão, Gian e Marlon arriscaram, mas os chutes saíram sem direção. O Águia, ao contrário, conseguia se defender com Daniel, Diego Biro e Soares mais recuados à frente dos zagueiros e Vando ajudando no meio-campo. Até Samuel recuava para ajudar no desarme. Com isso, o meio-campo ficou constantemente congestionado e o jogo foi se arrastando, conforme interessava ao dono da casa. Além da ausência de talento, o Remo se apresentou de maneira apática na maior parte do tempo.
Para o segundo tempo, Giba veio com Samir no lugar de Gian, quando se esperava a substituição de Marciano, completamente ausente do jogo. Apesar da disposição, Samir caiu na mesma indefinição de Vélber, confundindo-se seguidamente na troca de funções. Em razão dessa hesitação quanto à criação, o volante Didão acabou herdando a tarefa de organizar as ações no meio-campo, errando muitos passes e lançamentos. Para piorar as coisas, logo aos 6 minutos o ala Vítor Ferraz marcou um golaço. Apanhou a bola junto à linha lateral e saiu enfileirando: passou por Marlon e foi acompanhado por Danilo, que evitou parar a jogada. Já dentro da área, disparou rasteiro e surpreendeu Adriano. O segundo gol deixava o Águia ainda mais à vontade em campo, com tranquilidade para administrar o resultado.
Sem opções para mudar o panorama da partida, Giba tirou Danilo e pôs Héliton, ficando com cinco atacantes em campo, mas nenhum articulador no meio-campo. Pior que isso: abriu totalmente o setor de marcação, entregue exclusivamente a Didão. Por sorte, o Águia se acomodou com o placar, recuando muito e limitando-se a rebater bolas. O Remo chegou a exercer forte pressão entre 30 e 40 minutos, com cinco escanteios seguidos, mas a zaga conseguia afastar todas as bolas, graças ao bom posicionamento de Ari e Bernardo.
Aos 41 minutos, bola cruzada na área do Águia terminou sendo chutada por Samir e foi bater no travessão de Inácio, na melhor chance do Remo na partida. Depois disso, sem forças, o Remo praticamente jogou a toalha. Demorava a chegar ao ataque e não tinha criatividade para furar o bloqueio. O Águia seguiu tocando a bola e Vando, aos 44 minutos, quase marcou o terceiro gol aproveitando um descuido dos zagueiros remistas.
Repetiu-se a situação do campeonato paraense do ano passado, quando o Remo perdeu o returno para o S. Raimundo. Desta vez, o Águia terá a vantagem de jogar a primeira partida da decisão em casa contra o Paissandu, no próximo domingo, ficando a finalíssima para Belém, provavelmente no estádio da Curuzu, no dia 6 de junho.
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