Lúcio Flávio Pinto
Memória de SantarémPor que, durante muitos e muitos anos, o assassinato de Elinaldo Barbosa, “foi quase que um tema proibido tanto na imprensa como nos meios políticos?” Mais de 40 anos depois, uma resposta a esta pergunta é o que seu sobrinho, Paulo Cidmil, residindo há muitos anos no Rio de Janeiro, procura apresentar neste texto. Ou formular novas perguntas, que tirem o tema do limbo do esquecimento e o recoloque no prumo da história.
Como terceiro prefeito a substituir o dono do cargo por eleição direta, Elias Pinto, afastado da prefeitura de Santarém e em seguida cassado, como conseqüência de um dos mais trágicos acontecimentos da história política do município, Elinaldo parecia disposto a ir até o fim do mandato, em 1970, e a partir daí firmar sua carreira política. Tinha planos de se candidatar a deputado federal. Foi impedido por um atentado que o matou, no gabinete da prefeitura, no dia 15 de fevereiro de 1969. O criminoso, Severino Frazão, foi morto por um soldado da Polícia Militar quando tentava se entregar, desarmado, na companhia de um padre. Foi um ato de violência do militar, ao qual foi atribuída depois perturbação mental (como ao assassino), ou uma execução premeditada, assim como a morte de Elinaldo também foi preparada?
É o que sustenta seu sobrinho neste depoimento, escrito por iniciativa própria. Ele certamente provocará reações indignadas e acusações de que vem tarde e com enredo comprometido pela sua origem. Um acerto de contas fora de época. Além da recuperação da memória do tio por um sobrinho reconhecido. A despeito dessa provável má repercussão, o texto de Cidmil é bastante consistente para não mais permitir que o véu da indiferença volte a cair sobre um dos episódios mais controvertidos e polêmicos desse período. O assassinato de Elinaldo Barbosa espera por uma reconstituição à altura da sua importância. A pedra da frágil sepultura foi retirada da sua campa improvisada. Espera-se que todos que possam contribuam para esclarecer de vez uma história que permanece insatisfatória há quase meio século. Paulo Cidmil não deixa dúvida a respeito.
Leia o depoimento competo aqui.
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