Aritana Aguiar
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A limitação de movimento ou locomoção, total ou parcial, é decorrente de traumatismos fáceis de adquirir, mas difíceis e demorados de se curar em Santarém e na maioria dos municípios brasileiros. Apesar de contar com uma população de cerca de 300 mil habitantes, a cidade não possui nenhum setor público municipal que faça tratamento fisioterapêutico a pessoas que sofreram traumatismo e ficaram paraplégicas ou tetraplégicas.
Em 2009, foram registrados no Hospital Municipal de Santarém 3.125 casos de acidentes de trânsito que causaram algum tipo de traumatismo, e muito dessas pessoas necessitam de cuidados especiais.
Isso tem sido uma das grandes dificuldades para os deficientes, às vezes é necessário sair da cidade em busca de um tratamento mais completo, como o hospital público Sarah Kubitschek, em Brasília ou São Luiz. É o caso dos paraplégicos Marla Soares, que vai fazer 10 meses que sofreu um acidente de carro, e Ildo Pfeifer: há 13 anos ele foi atropelado quando vinha de Alter-do-Chão de bicicleta.
Mas o Sistema Único de Saúde (SUS) é conveniado com três clínicas particulares, para tratarem de pacientes que necessitam de fisioterapia e o governo do estado, através da Sespa, é o único o órgão que atente parcialmente alguns tipos de traumatizados. Desde 2009, o setor fisioterápico do Hospital Regional de Santarém está desativado.
"A paraplegia atinge somente as pernas, enquanto a tetraplegia afeta até o pescoço, alguns movimentos só conseguem ser realizados de acordo com tipo de lesão", afirma o fisioterapeuta Emanuel Maia.
Nas clínicas particulares de Santarém as seções fisioterápicas são para amenizar as seqüelas, manter os movimentos, articulações, orientar as famílias ambientarem a casa para o cadeirante, entre outros.
Marla Soares estava em Alenquer quando o carro dirigido pelo cunhado em alta velocidade capotou, ela e quebrou o punho, sofreu uma lesão medular traumática, afetando as medulas T4 e T5, resultando na paraplegia.
No caso de Ildo Pfeifer, foi lesionado a toráxica T3, na época os médicos o consideraram como tetraplégico devido o tipo da lesão.
Quando Marla veio de Alenquer foi levada para o Pronto Socorro Municipal (PMS) e no mesmo dia foi encaminhada para o hospital Regional, onde ficou 20 dias internadas e passou por duas cirurgias. "Quando saí do hospital fiquei em casa onde eram feitas massagens particulares pra estimular as pernas", relembra.
Já Ildo não teve a mesma sorte, ele ficou em coma por dois dias e ficou internado no PMS, durante dois meses sendo atendido por clínicos gerais, para recuperar as condições físicas e traumáticas, mas os resultados não foram bons, "enquanto estive hospitalizado nenhum fisioterapeuta me visitou".
Em seguida ele foi para Porto Alegre no Rio Grande do Sul, onde passou oito meses em tratamento, "só não tive dificuldades de hospedagem por que tenho alguns parentes na cidade", diz. Durante dois meses a fisioterapia era feita pelo SUS, por não haver resultado, pagou durante seis meses um fisioterapeuta particular, foi então que apresentou melhoras. Logo, Ildo conseguiu passagens através do TFD (Tratamento Fora de Domicilio), e foi para São Luis do Maranhão, fazer tratamento no hospital Sarah Kubitschek, lá ele ficou em um período de quatro meses, "o tratamento é completo, palestras, orientações psicológicas, conhecer o problema e aprendemos até como se locomover na cadeira de rodas", afirmou.
Marla também foi para o hospital Sarah Kubitschek, passou 30 dias e conseguiu aprender ter controle do tronco, se sentar melhor e movimentar o punho direito. Ildo afirma que ao sair de Santarém não conseguia mexer muito os braços, como a lesão foi leve na medula e com os tratamentos feitos no Sarah, ele conseguiu evoluir modificando seu laudo de tetraplégico para paraplégico.
Uma das grandes dificuldades para quem consegue se tratar fora da cidade é que as despesas, com exceção das passagens, são de responsabilidade do paciente. O problema é pra alguns cadeirantes que não possuem renda para esse tratamento. De acordo com a fisioterapeuta Marília Santos, uma das grandes dificuldades quando termina as seções do paciente atendido pelo SUS, é ter que esperar novas autorizações para continuar o tratamento, e a demora é de dois a três meses, "não pode esperar muito pra iniciar as novas seções, por demorar o paciente acaba perdendo os movimentos conquistados devido ter ficado muito tempo parado", declarou.
No site da Rede Sarah de Hospitais (www.sarah.br), é divulgada que as maiores causas de lesão medular são: acidentes automobilísticos, mergulhos rasos, agressão com arma de fogo, e quedas.
Mesmo Marla e Ildo, fazendo fisioterapia pelo SUS, eles continuarão fazendo tratamento no hospital Sarah Kubitschek, já que obtiveram excelentes resultados.
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