Alguns trechos das últimas análises de Lucio Flávio Pinto sobre a campanha eleitoral em seu JP, que está nas bancas de Belém:
*Os que acreditam na tese do “laranja” apostam que logo o PMDB perderá parte substancial – se não a maior parte – dos seus 41 prefeitos, quando a máquina oficial começar a funcional com toda plenitude, e Ana Júlia voltará a se fortalecer, enquanto seu novo oponente se enfraquecerá. É uma hipótese remota. Se o PT não liberar o dinheiro ou se adotar qualquer medida de retaliação, se desgastará ainda mais. Por onde vai, a governadora é acompanhada por hostilidades e vaias, que provocam incidentes, como os que ocorreram em Belém (na inauguração do primeiro trevo da cidade) e em Barcarena. Ela é a mais rejeitada de todos os pré-candidatos, incluindo Jader Barbalho.
*Só que entre o começo das negociações e o estado da arte quando da segunda visita da governadora ao político que seus companheiros de partido tanto atacam, a situação mudou muito. Os petistas tentaram se livrar dos seus aliados putativos na presunção de que a popularidade de Lula e a máquina do Estado seriam suficientes para a reeleição da governadora. O PMDB foi tratado a pau e água e os “luas pretas” de Ana Júlia (sedimentados no tal “núcleo duro do governo”) se esbaldaram em tratamento depreciativo e – prontuários à parte – desdenhoso ao político que, individualmente, é dono do maior curral de votos no Pará. Jader engoliu em seco, mas não deglutiu.
*Nem o mais cego dos observadores da cena paraense pode negar que sem a companhia do PMDB o PT não teria vencido em 2006. De lá para cá a posição peemedebista – e especificamente a de Jader – se fortaleceu um pouco mais, enquanto os petistas se desgastaram no exercício do poder. Logo, se Jader ficar fora, a situação de Ana Júlia, que já não é boa, se tornará péssima. O tão comentado acerto “por baixo dos panos” entre Jader e Jatene, se real, poderia ser fatal para o projeto da reeleição. Mas o tuxaua do PMDB parece ter apostado mais alto: quem sabe o partido, que tem sido mero figurante nas últimas eleições para o governo, não poderá voltar ao trono?
*Claro que as alternativas não são mecânicas e muito menos automáticas. Há outros fatores no meio de campo, como as finanças para uma campanha milionária, o uso da máquina pública, o apoio de Lula, o palanque de Dilma, a decisão que a coligação PTB-PR vier a tomar e a própria imprensa, dentre outros itens. Mas são elementos cujo peso dependerá da decisão que tomarem os principais personagens da arena. Até agora, eles mais escondem do que revelam o que pretendem fazer. Mas já estão fazendo. À parte a sagacidade e argúcia do que bolaram, o resultado é muito ruim para o Pará, tendo que decidir entre os candidatos que se oferecem ao voto do eleitor. Todos eles negros como um gato cinza em teto de zinco quente.
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