quinta-feira, 3 de junho de 2010

Mês junino, alegria que custa caro

Aritana Aguiar
Free lancer


Com a chegada do mês de junho, aumentam as vendas de artigos juninos. Isso é bom para o comércio, mas chega a ser um problema para muitos pais, pois são obrigados gastar um dinheiro extra com a fantasia dos filhos.

Em Santarém, um vestido de quadrilha simples, chega custar de 60 a 70 reais, as tiaras de 3,50 a cinco reais, o meião de 15 a 18 reais. "Não vale a pena comprarmos a roupa, dançamos uma vez na escola, e não temos como reaproveitar, por isso preferimos alugar, até mesmo por sair mais barato", afirmou Nyara Helen(15), estudante.

Uma camisa custa entre 18 e 20 reais, chapéu simples cinco reais. A calça é sempre uma jeans de uso do aluno, mas é preciso inserir acessórios para ficar padronizado na dança. "É mais barato alugar do quer comprar ou mandar fazer, já tive colegas que desistiram da dança por não terem condições de pagar a mão-de-obra da roupa", contou Magno Costa (15), estudante.

Santarém possui 32 grupos de quadrilhas de rua, as roupas podem ser alugadas para os estudantes, o valor é entre 15 a 30 reais. No feminino inclui: vestido, meião, shortão, tiara ou chapéu; masculino: camisa, calça, chapéu e jaqueta, os valores dependem do modelo e outros acessórios inclusos.

Além desses problemas ainda possui a despesa de ensaios para aqueles que moram longe da escola. "Além do gasto com a roupa, ainda tenho despesa com transporte para ir aos ensaios por serem em outro horário, e isso dificulta o entusiasmo em participar", revelou Luan Siqueira (15), estudante. Aqueles que não se inserem em nenhuma dança precisam colaborar com o colégio. "Quem não dançar tem que ajudar a escola, doando algum produto, pra ajudar nas vendas ou materiais de ornamentação, pra decoração da festa", reclamou Sarah Sousa (16), estudante.

QUADRILHAS DE RUA

Não só os alunos das escolas públicas possuem dificuldades com roupas e transporte. Jackson do Folclore, presidente da quadrilha Big Ben, que se mantém há 10 anos, afirma a falta de apoio governamental. "O grupo sobrevive com o aluguel das fantasias usadas nos anos anteriores, e mais algumas promoções realizadas, o dinheiro arrecadado paga as roupas feitas todos os anos", disse.

Waldir Lima, coordenador e instrutor da quadrilha Explosão Paraense, existente há três anos, conta que "a quadrilha se mantém com a ajuda dos participantes, fazendo colaborações e promovendo eventos, para conseguirmos comprar roupas de grupos de dança de outras cidades, se mandarmos fazer, fica caro, e alugamos as que usamos no ano anterior".

Como a quadrilha Big Ben representa Santarém, até fora do estado, é preciso investir nas fantasias. Segundo o presidente, toda roupa feminina (vestido, anágua, shortão, meião, luva, tiara, perneira e braceira), custa de 170 a 200 reais, a masculina (camisa social, jaqueta, blazer, gravata, calça, chapéu), custa 150 reais. "As roupas não feitas com material simples, é muita fita, brilho, E.V.A, lantejoula e até espelhinho no chapéu, por isso fica caro", declarou. Manter a tradição não é fácil, com as greves nas escolas públicas, o grupo chega a ter um prejuízo de cinco mil reais.

Além disso, como o grupo chega a fazer seis apresentações diárias no mês de junho, alugam um ônibus, pagando 200 reais a diária, mas essa despesa é arcada pelos próprios integrantes da quadrilha. O mesmo acontece com o Explosão Paraense, o transporte fica por responsabilidade do grupo.

Para os ensaios as quadrilhas encontram mais dificuldades. A Explosão Paraense conseguiu a quadra de uma igreja, a Big Ben, possui colaboração de área, mas maior parte dos ensaios é realizada na rua, ou seja, no areião.

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