O jornal dá um exemplo marcante: “Quando Pelé marcou seu milésimo gol, em novembro de 1969, a bola não foi a única coisa a entrar na rede. Um vídeo daquele momento de celebração no Maracanã, no Rio de Janeiro, mostra Pelé entrando no gol atrás da bola e repórteres entrando na área atrás de Pelé.”
Nos estádios brasileiros, repórteres de rádio e TV assistem aos jogos dentro do campo, atrás da linha de fundo e das laterais. Volta e meia conseguem comentários de técnicos e jogadores em momentos importantes da partida. Até a década de 70, acompanhar os atletas até o vestiário era prática comum. “Nos campeonatos brasileiros, a separação entre jogadores e repórteres é às vezes inexistente durante um jogo”, exagera o New York Times.
Na Copa do Mundo, tudo é bem diferente. Só os fotógrafos podem pisar no campo. Repórteres têm que se contentar em acompanhar o jogo de uma sala de imprensa e entrevistar jogadores após as partidas. Mas não há espaço para todo mundo na sala de imprensa, e resta a alguns jornalistas a frieza de um telão. “Isso pode ser um choque para os repórteres brasileiros”, afirmou a Reuters.
Como se isso não bastasse, enquanto a seleção estava dentro do campeonato, a imprensa nacional enfrentou as rígidas regras impostas pelo técnico Dunga, que impediu os jogadores de falarem individualmente com os jornalistas. As entrevistas se limitaram às coletivas de imprensa após os jogos, em uma sala com cerca de 400 repórteres. Em outras Copas do Mundo, diz a Reuters, jornalistas brasileiros costumavam manter contato diário com os jogadores após o treinamento, na chamada zona mista, no caminho para o ônibus da seleção. “A nova política é especialmente difícil para repórteres de rádio, que têm horas para preencher no ar”, diz a agência. As matérias também apontam os privilégios perdidos pela TV Globo: Dunga cancelou entrevistas exclusivas com os jogadores e o acesso facilitado à seleção, causando atritos com a maior emissora do país, que paga mais caro que outros canais pela exclusividade.
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