sábado, 10 de julho de 2010

Lula quer retirar de Serra o discurso do Bolsa Família


José Cruz/ABr


Ao retornar de seu périplo pela África, neste final de semana, Lula começa a detalhar o mergulho que dará na campanha de Dilma Rousseff.

Quer combinar a agenda de inaugurações de obras, que deseja intensificar, com a participação nos eventos eleitorais, fora do expediente.

Em conversa com o blog, na noite passada, um ministro disse que a intenção de Lula é a de “devolver ao processo eleitoral a lógica que o Serra tenta subverter”.

Como assim? No dizer do ministro, Serra age com o objetivo de firmar-se como um candidato “mais governista do que a própria Dilma”.

É essa pregação do presidenciável tucano, centrada na tese de que vai manter o que há de bom no governo, que Lula deseja “desmontar”.

Em privado, Lula revela especial irritação com as declarações de Serra sobre o programa Bolsa Família.

Soa decidido a grudar no PSDB e no DEM a pecha de legendas elitistas. E, em Serra, a qualificação de anti-Lula.

Repetirá algo que já disse à exaustão: a oposição sempre tratou o principal programa de distribuição de renda do governo como “bolsa esmola”.

O repórter conversou também com um dos operadores da campanha de Serra. Inquiriu-o sobre as intenções de Lula.

O tucanato parece antever embate. E se prepara para enfrentá-lo. Vai sustentar a velha tese de que o embrião da política social de Lula nasceu sob FHC.

A prova de que o Bolsa Família traz as digitais do PSDB, disse o integrante do QG de Serra, “está na lei que instituiu o programa” (número 10.836, de 2004).

A “prova” de que fala o aliado de Serra está no parágrafo único do artigo 1º da lei. Nesse trecho, são listados os programas unificados sob o Bolsa Família. São eles:

1. Bolsa Escola, criado em abril de 2001 (FHC).

2. Programa Nacional de Acesso à Alimentação, de junho de 2003 (Lula).

3. Bolsa Alimentação, de setembro de 2001 (FHC).

4. Auxílio-gás, de janeiro de 2002 (FHC).

5. Cadastramento único do governo federal, de julho de 2001 (FHC).

Diz o operador de Serra: “Note que, das cinco iniciativas mencionadas na lei do Bolsa Família, só uma surgiu no governo Lula.

O governo dá de ombros para essa formalidade. Diz-se o seguinte: a diferença entre Lula e FHC está no orçamento.

Na era tucana, a política social recebia “investimentos residuais”, disse o ministro de Lula. Na fase petista, “os investimentos foram maciços e crescentes”.

Como se vê, o debate deve esquentar. De um lado, a promessa de Serra de multiplicar por dois o Bolsa Família.

Do outro, Lula e Dilma esforçando-se para desqualificar o rival.

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