Ao retornar de seu périplo pela África, neste final de semana, Lula começa a detalhar o mergulho que dará na campanha de Dilma Rousseff.
Quer combinar a agenda de inaugurações de obras, que deseja intensificar, com a participação nos eventos eleitorais, fora do expediente.
Em conversa com o blog, na noite passada, um ministro disse que a intenção de Lula é a de “devolver ao processo eleitoral a lógica que o Serra tenta subverter”.
Como assim? No dizer do ministro, Serra age com o objetivo de firmar-se como um candidato “mais governista do que a própria Dilma”.
É essa pregação do presidenciável tucano, centrada na tese de que vai manter o que há de bom no governo, que Lula deseja “desmontar”.
Em privado, Lula revela especial irritação com as declarações de Serra sobre o programa Bolsa Família.
Soa decidido a grudar no PSDB e no DEM a pecha de legendas elitistas. E, em Serra, a qualificação de anti-Lula.
Repetirá algo que já disse à exaustão: a oposição sempre tratou o principal programa de distribuição de renda do governo como “bolsa esmola”.
O repórter conversou também com um dos operadores da campanha de Serra. Inquiriu-o sobre as intenções de Lula.
O tucanato parece antever embate. E se prepara para enfrentá-lo. Vai sustentar a velha tese de que o embrião da política social de Lula nasceu sob FHC.
A prova de que o Bolsa Família traz as digitais do PSDB, disse o integrante do QG de Serra, “está na lei que instituiu o programa” (número 10.836, de 2004).
A “prova” de que fala o aliado de Serra está no parágrafo único do artigo 1º da lei. Nesse trecho, são listados os programas unificados sob o Bolsa Família. São eles:
1. Bolsa Escola, criado em abril de 2001 (FHC).
2. Programa Nacional de Acesso à Alimentação, de junho de 2003 (Lula).
3. Bolsa Alimentação, de setembro de 2001 (FHC).
4. Auxílio-gás, de janeiro de 2002 (FHC).
5. Cadastramento único do governo federal, de julho de 2001 (FHC).
Diz o operador de Serra: “Note que, das cinco iniciativas mencionadas na lei do Bolsa Família, só uma surgiu no governo Lula.
O governo dá de ombros para essa formalidade. Diz-se o seguinte: a diferença entre Lula e FHC está no orçamento.
Na era tucana, a política social recebia “investimentos residuais”, disse o ministro de Lula. Na fase petista, “os investimentos foram maciços e crescentes”.
Como se vê, o debate deve esquentar. De um lado, a promessa de Serra de multiplicar por dois o Bolsa Família.
Do outro, Lula e Dilma esforçando-se para desqualificar o rival.
Nenhum comentário:
Postar um comentário