sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Os donos do poder ficaram à margem?

Lúcio Flávio Pinto:

O grupo Liberal, o mais poderoso formador de opinião no Pará, não está satisfeito com o governo Jatene. As manifestações desse desagrado já foram muitas. Começaram com a abertura de espaço para as críticas da governadora Ana Júlia Carepa ao seu sucessor. Prosseguiram com a redução da cobertura dada à posse de Simão Jatene, que ficou ao largo das fotografias, e notas venenosas nas colunas. Culminaram, no dia seguinte à solenidade de posse, com um artigo de Ronaldo Maiorana, diretor-editor-corporativo do jornal, na edição de domingo de O Liberal.

Jatene ainda nem havia concluído a sua equipe e Ronaldo já se antecipava para proclamar que se o novo governo vier a ter a fama de trabalhador, deverá esse título ao PAC (o Programa de Aceleração de Crescimento), concebido pela dupla Lula-Dilma e executado no Pará por Ana Júlia. “A verdade é que todos os projetos foram elaborados e aprovados durante o governo Ana Júlia e o dinheiro que financiará as obras será herança de Lula”, assinou o editor do jornal. Se for bem, Jatene será um produto do PT. Se for ruim, será criação própria.

A afirmativa contraria o entendimento dominante e os fatos. Parte considerável dos projetos do PAC está com o cronograma atrasado. Outra parte foi contratada e ainda não foi iniciada. Há ainda as obras sem previsão de fonte de recursos. E outras, em andamento ou já realizadas, também não foram criação do PT, que as herdou de administrações passadas, com o mérito de concluir algumas, de grande porte, que se arrastavam há décadas, como as eclusas de Tucuruí.

Cometerá um erro quem deduzir dessa evidente má vontade dos Maioranas que mantenham fidelidade ao governo que passou, pródigo em verbas de propaganda. Também não será interpretação satisfatória achar que é apenas mais um capítulo do jogo de pressão por novas e abundantes verbas oficiais, embora esse componente seja quase automático na política editorial da casa.

A fonte imediata da reação dos Maioranas ao novo governo é o desagrado por não terem sido consultados sobre a formação dos seus integrantes e não terem podido exercer o veto sobre alguns nomes, que consideram como sendo seus inimigos ou desafetos, ou sobre a aproximação do PSDB com o PMDB, do detestável Jader Barbalho. Pelo menos de início, parece que Jatene ignorou os recados e fez a seleção sem a participação daqueles que se atribuem muito mais do que o poder que têm. Para consolidar sua decisão terá que mostrar firmeza e independência, atributos que têm faltado a quase todos que sobem ao poder no Pará diante do grupo Liberal.

2 comentários:

Anônimo disse...

Que é isso, Lúcio?
Acho que os maioranas adoraram a indicação do ex reitor Alex Melo . Afinal ele já foi funcionário do grupo, né não?
E o que dizer do novo secretario de comunciação, o , digamos , agitador cultura , o , novamente digamos , efervescente , Ney Messias? Esse um é funcionário atual do grupo e defensor do nome do old man RM prá ex 25 de setembro. Os maioranas devem ter lambido os beiços ...
Acho que o Lúcio, Miguel , tá de sacanagem com os irmãos poderosos...
Mas que o pescador tá começando bem, ah! isso tá...

Jorge Reis disse...

por que as pessoas se escondem atrás do anonimato? Muito pelo contrário, é preciso que as opini~~oes - prós ou contras -tenham além de voz, cara também. Temem o que?
Fala sério.