sexta-feira, 11 de março de 2011

Atraso nas linhas pode causar perda de R$ 1,2 bi a Jirau

Renato Andrade
O Estado de S. Paulo 
 
O descompasso entre a construção da hidrelétrica de Jirau e a implantação das linhas de transmissão de energia para as usinas do Rio Madeira (RO) pode custar caro aos sócios da Energia Sustentável do Brasil, responsável pelo empreendimento. Segundo Victor Paranhos, presidente da concessionária, sem as linhas a usina não terá como antecipar a venda de energia, o que pode gerar uma perda de R$ 1,2 bilhão.

Pelo contrato original, Jirau começaria a operar em janeiro de 2013. Mas os sócios do empreendimento resolveram acelerar a construção para ter energia disponível para venda a partir de 2012. Essa eletricidade seria ofertada no chamado mercado livre, onde o preço é mais elevado do que no segmento cativo, destinado aos consumidores comuns.

Sem as linhas de transmissão, Jirau não terá como comercializar a energia que começará a produzir a partir do início do próximo ano. "Estamos contabilizando uma perda de faturamento. Vamos deixar de ganhar algo como R$ 1,2 bilhão entre março de 2012 e janeiro 2013", disse Paranhos ao Estado.

A construção das linhas é de responsabilidade do consórcio Interligação Elétrica do Madeira, formado pela concessionária privada de transmissão de energia CTEEP e as estatais Furnas e Chesf. As linhas irão de Porto Velho (RO) até Araraquara (SP), num trajeto de cerca de 2,5 mil quilômetros. O consórcio ainda aguarda a emissão da licença de instalação pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). 

Pelo cronograma oficial, as linhas devem entrar em operação em 2013.
Mais turbinas. De acordo com o consórcio, o prazo previsto para a execução das obras é de 18 meses após a emissão da licença de instalação. A maioria dos insumos, materiais e equipamentos necessários para as obras já foi contratada. "A empresa estará empenhada a executar a obra, buscando redução de prazos para minimizar os impactos do atraso no licenciamento", afirmou o consórcio.

Segundo Paranhos, sem as linhas de transmissão as usinas de Santo Antônio e Jirau vão poder gerar, no máximo, 300 megawatts de energia (consumo local). As duas hidrelétricas estão sendo construídas no Rio Madeira. Santo Antônio terá capacidade de produzir 3.150 megawatts (MW) de energia, enquanto Jirau vai gerar até 3.450 MW. As concessionárias travam uma disputa sobre o aumento da potência de geração das usinas.

Paranhos negou ontem que a concessionária esteja negociando um aditivo de R$ 900 milhões ao contrato com a Camargo Corrêa para a construção da usina. Segundo o executivo, qualquer aumento de repasse de recursos para a construtora só ocorrerá caso o governo dê aval para a construção de quatro turbinas adicionais ao projeto.

Segundo o executivo, o orçamento da hidrelétrica prevê, até o momento, um investimento total de R$ 11,9 bilhões. Este valor já contempla a inclusão de duas turbinas que não estavam previstas em 2008, quando o grupo venceu o leilão para construir a usina.

PARA LEMBRAR


O Ministério de Minas e Energia terá de resolver a disputa travada entre as 
hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau sobre o aumento de potência de geração de energia das duas usinas hidrelétricas.

Na semana passada, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou a elevação do nível de água do reservatório de Santo Antônio, o que pode inviabilizar a proposta dos grupos sócios de Jirau de incluir mais turbinas.

A expectativa é que o governo conclua a análise dos pedidos em até três meses.

Nenhum comentário: