ÉPOCA (SP) • GERAL • 13/3/2011 • PASTA MEIO AMBIENTE |
O Brasil precisa voltar a construir grandes barragens na região. Por razões econômicas, energéticas – e até ambientais
HISTÓRICO RUIM
HISTÓRICO RUIM
Barco navega pelo Rio Xingu, na região da futura usina de Belo Monte (acima), e floresta apodrecendo no lago de Balbina (abaixo). Erros do passado, como Balbina, assombram projetos futuros, como o de Belo Monte.
O maior empreendimento do Brasil está encalhado nas corredeiras pedregosas de uma curva do Rio Xingu, na região central do Pará. É lá que está planejada a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, uma das obras mais grandiosas e polêmicas da história da Amazônia. O canteiro de obras está sendo preparado. Na semana passada, a Norte Energia e a Construtora Belo Monte/CCBM, responsáveis pela obra, anunciaram que já começaram a abrir as vias de acesso a um dos locais de construção usando tratores e caminhões.
Os tratores só foram liberados porque a Advocacia-Geral da União derrubou no Tribunal Regional Federal uma decisão liminar que suspendia a licença ambiental para o início das obras da usina. A liminar foi pedida pelo Ministério Público Federal, que entende que o consórcio responsável pela obra não cumpriu as exigências sociais e ambientais. A sequência da obra ainda é cercada por uma disputa judicial, além de protestos ambientais e questionamentos econômicos.
Belo Monte está envolvida em dois tipos de polêmica. A primeira diz respeito aos impactos da obra para a floresta, o Rio Xingu e as comunidades de índios e ribeirinhos nas imediações. A segunda polêmica é sobre a viabilidade econômica do empreendimento. Por pressões socioambientais, a área da represa foi reduzida de 1.225 quilômetros quadrados para 516 quilômetros quadrados. Com isso, a usina, pensada nos anos 80 com 15.000 megawatts de capacidade instalada, terá 11.233 megawatts. E ficará mais sensível aos períodos de estiagem. No auge da seca, poderá gerar menos que um décimo de sua capacidade.
Em média, estima-se que Belo Monte produzirá 40% de sua potência. É um rendimento baixo para os padrões nacionais, cuja média é de 53%. Nenhuma grande hidrelétrica brasileira gera tão pouco. Uma das consequências disso é que deixou de ser atraente para a iniciativa privada. Orçada pelo governo em US$ 19 bilhões (e por analistas independentes em US$ 30 bilhões), será bancada por um consórcio dominado por dinheiro estatal. Além disso, para compensar o período de seca de Belo Monte, o país terá de usar mais eletricidade de termelétricas a gás ou óleo combustível, fontes mais caras e, ironicamente, mais poluidoras.
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