terça-feira, 19 de abril de 2011

Escolas públicas não mantém sistema de vigilância. Particulares monitoram alunos


Aritana Aguiar eAlailson Muniz
Repórteres

A tragédia que ocorreu na escola Tasso Oliveira, no bairro Realengo, no Rio de Janeiro, trás à tona uma questão: as escolas brasileiras são realmente seguras? Elas estão vulneráveis a esse tipo de violência?
Para saber, nossa reportagem visitou em algumas escolas das redes particular e pública de ensino de Santarém. Constatou-se que as unidades de ensino da rede pública estão mais vulneráveis a esse tipo de violência. Algumas já chegaram inclusive a ser destaque em noticiários de polícia como foi o caso da escola São Francisco. Lá, em 2008, o vigia noturno da escola Enaldo Marques de Castro foi barbaramente assassinado a facadas. Também há registros de confrontos de gagues dentro das escolas. Mas o que fazer para evitar esse tipo de situação?

Alguns detalhes são cruciais para garantir a segurança dos professores e estudantes dentro das escolas. Nem todas as escolas públicas dispõem de vigia por 24 horas. Algumas ainda têm porteiros durante o dia e vigias à noite. Mas a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) promete adotar um rígido protocolo de acesso para impedir a entrada de pessoas não identificadas nas escolas, entre os quais agendamento telefônico de visita e solicitação de documentos, portões de entrada fechados nos horários de aula e crachás para visitantes.

No colégio estadual Rodrigues dos Santos, que fica no centro comercial da cidade, o vice-diretor José Ribamar explica que existe apenas uma porta que serve de entrada e saída tanto para alunos quanto para funcionários e estranhos. "No colégio Rodrigues dos Santos fica um pouco mais fácil porque nós só temos uma entrada. O portão de entrada tem que ser o mesmo de saída, ficamos observando todas as pessoas na hora da entrada, se surge alguma pessoa estranha, a gente vai saber dele o que ele quer, com quem ele quer falar, se ele tem algum membro da família aqui na escola", informou.

De acordo com o vice-diretor e assim observado pela reportagem, não há um porteiro na escola. "Mas sim um auxiliar de disciplina que nós auxilia na entrada, agora o vice-diretor no horário da entrada, está junto observando todos os detalhes". Após a entrada dos alunos, o portão se mantém fechado. O aluno só pode sair com autorização e alguém estranha só entra com autorização.

Segurança nas particulares

Na escola particular Dom Amando, o diretor pedagogo do fundamental I e II, José Maria Feitosa, informa que a escola tem um efetivo de funcionários que, independentemente de sua função, devem observar se há alguém estranho no interior do colégio. "Como a escola tem um efetivo acima de 150 funcionários todos são orientados para que se vir qualquer pessoa diferente avise, um dos pontos é esse. Na porta de entrada do colégio tem sempre um vigia para controlar a entrada de estranhos principalmente, que não é o caso de nossos alunos, funcionários, e fornecedores que já são conhecidos", esclareceu.

Na escola, o vigilante só permite a entrada de algum estranho depois que se identificar e informar o que quer e há sempre o interfone para contato. "Tem interfone, então ficamos interligado. Temos também pessoas que ficam andando pelo colégio, até nós diretores fazemos essa forma de agir. Há também cães de guarda à noite", esclareceu. O diretor reforça que também há câmeras de segurança na parte interna da escola.

Na escola particular Santa Clara, a diretora, irmã Gisele, explica que o colégio tem uma entrada na Avenida São Sebastião. "Nós temos a recepção pela São Sebastião, se faz o controle dos alunos que entra e saem, e de qualquer pessoa estranha que entre é feito o encaminhamento", explicou.

Na escola, a entrada dos alunos é feita pela avenida Barão do Rio Branco. "E nós temos o portão de entrada, geralmente ficam duas pessoas no acolhimento deles, e um rapaz no portão para observar quem está entrando, principalmente se for estranho, e na saída também há um suporte de alguém que fica fora", explica a religiosa.

A escola tem um projeto de reforma que inclui itens para a segurança dos alunos. A reforma ainda está em fase de implantação. "O objetivo é fazer o registro das pessoas que entram e saem da instituição". A unidade de ensino também tem uma preocupação quanto à questão das pessoas que vão buscas os estudantes mais novos. "Não os entregamos para qualquer pessoa", diz a Irmão Gisele.

Mas para ter acesso a uma maior segurança dos filhos durante o tempo em que ele está na escola, os pais têm que abrir o bolso. Algumas escolas particulares têm mensalidade de até R$ 200,00. "Muitas famílias não têm como pagar e procuraram as públicas, mas eu, não desmerecendo as famílias carentes, tenho e por isso pago para que meu filho tenha maior segurança. Também deixo uma vaga na rede pública, que muitos que podem pagar colégio particular ocupam às vezes", diz Maria da Conceição, que possui dois filhos em escolas particulares.

Nossa reportagem tentou falar com a representante da 5ª Unidade Regional de Ensino (URE) de Santarém, mas ela estava viajando em não havia chegado até o fechamento desta edição. (A.A e A.M.)

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