quinta-feira, 14 de abril de 2011

Igarapés sofrem risco de extinção

Alailson Muniz
Repórter

Os igarapés que cortam a área urbana de Santarém podem deixar de existir em pouco mais de 15 anos. A previsão é feita pelo Comitê em Defesa do Urumari, movimento social organizado que luta pela preservação dos igarapés do município.

 
Os igarapés que cortam as áreas urbanas do município são o Urumari, o Mararu, o Juá, São Brás e Irurá. Também são eles os mais castigados pela ação do homem e pela urbanização ocasionada pelo desenvolvimento da cidade. Recentemente, O Estado do Tapajós publicou reportagem que denunciou o despejo de fezes humanas numa área próxima ao igarapé do Juá. A empresa Azulão fazia o despejo quando foi flagrada pela Polícia Militar.

 
"Alguns já deixaram de existir. Braços do Irurá e do Urumari, por exemplo, já morreram. A avaliação que fazemos é de que em pouco mais de 15 anos os igarapés que cortam o território urbano de Santarém vão deixar de existir", explica Sara Pereira, coordenadora do Comitê, criado em agosto de 2007.

 
De acordo com Sara Pereira, os principais "assassinos" dos igarapés são a degradação ambiental provocada por lixo, serragens e até restos de animais, além da crescente urbanização da cidade. Para ela, o esgoto inadequado, a construção de grandes obras, como a do viaduto, e de moradias irregulares são os grandes vilões que ameaçam a existência dos igarapés em Santarém. "O viaduto praticamente matou parte do Irurá. Também temos o problema de casas que são feitas às margens e até sobre os igarapés. Isso leva ao assoreamento e à morte deles", argumenta a ambientalista.

 
Segundo a coordenadora, os igarapés têm uma vasta importância econômica e social em Santarém. "Famílias dependem da água para cultivar hortaliças, pequenas criações de animais domésticos e até para beber mesmo, aonde não chega a água da Cosanpa. As vegetações às margens amenizam o calor do clima e alguns servem de balneários, gerando renda para as famílias como é o caso, por exemplo, do São Brás", justifica Sara Pereira.

 
O Comitê tem como prioridade o igarapé do Urumari, mas ajuda também associações de bairros que solicitam ajuda para protegerem outros igarapés. O igarapé do Urumari possui uma grande extensão. Ele nasce no Vigia passa pelo Santo André, Urumari, São José Operário, Uruará, Área Verde e deságua no rio Tapajós.

 
A principal ferramenta utilizada pelo Comitê para alcançar seus objetivos tem sido a conscientização. Ela acontece por meio de palestras, caminhadas, reuniões, peças de teatro e seminários. Os ambientalistas também contam com a ajuda do Ministério Público Estadual e da SEMMA (Secretaria Municipal de Meio Ambiente).
"Estamos em plena Romaria das Águas, evento que iniciou dia 25 de março último e vai até o próximo dia 5 de junho. Sensibilizamos as comunidades, escolas e moradores para a importância de se preservar nossos Igarapés", conta a coordenadora, acrescentando que com a ajuda do MPE e da SEMMA já chegaram a embargar a construção de um condomínio em cima de um igarapé e conseguiu retirar criações de porcos e búfalos das áreas.

SEMMA está preocupada

A SEMMA também se diz está preocupada com a situação dos igarapés de Santarém. A secretaria cita o caso do Igarapé di Juá, que tem sido alvo de empresas limpa-fossas. Segundo Áthila Gomes, chefe de fiscalização da secretaria, o igarapé que muito preocupa a SEMMA é do Urumari, que tem recebido constantes fiscalizações.
 

Da área, a Secretaria já chegou a retirar três serrarias que assoreavam o igarapé. Mas Áthila também aponta o crescimento urbano desordenado da cidade como fator de ameça aos igarapés. "Mas há outro problema que é impacto social. Santarém cresceu desordenadamente muito rápido. As pessoas acabaram saindo do interior e indo para a cidade e causou esse inchamento e as pessoas foram se colocando às margens do igarapé", argumenta.

Um comentário:

Adilson Matos disse...

É louvável a iniciativa das entidades lutarem em favor dos igarapés que sofrem com a ação de degração ambiental causada pelo homem. Mais interessante quando os órgãos se unam por causa própria, estão de parabéns,porém é importante que não somente os igarapés da cidade sejam visto como aqueles que sofrem o risco de extinção, é importantíssimo que estas entidades e principalmente a SEMMA, façam uma visita ao igarapé CARARÁ, localizado na comunidade de Miritituba afetada diretamente pelo mal funcionamento do Aterro Municipal localizado as margens da PA/370 no Km 13,o qual já foi identificado por relatório do MPE como igarapé impróprio para uso e que consequentemente afetará diretamente o Lago do Maicá, próximo do local. Tenho certeza que com a presença da SEMMA, haverá de se fazer justiça com aquele manancial.