Paula Pereira da Silva*
Logo depois que nasci, em 24 de junho de 1988, em Santarém, meus pais voltaram para Ruropólis - uma cidade pequena, de renda proveniente da exploração madeireira, agricultura familiar e pecuária. Meus avôs paternos, sulistas, possuíam uma fazenda onde além de gado vacum e eqüino, tinham plantações de pimenta do reino e arroz. O sítio para mim, com olhar de criança, era um pedaço do paraíso, pomar de laranja, tangerina, cacau, jaca e meu pé de jabuticaba. Minha vovó Edi com suas criações de pato, ganso, galinha de angola e galinha, e sua horta. Porém, não demorou para minha família se separar e abandonar o lugar, minha vovó doente não podia cuidar sozinha, portanto venderam e dividiram os lucros.
Meu pai, Paulo Henrique. anos depois, após vender sua ourivesaria, foi trabalhar na madeireira e serraria Caetano em Santarém o atual negocio do seu pai Lorival Caetano, mestre de obras. Infelizmente, não deu certo. Meu pai então voltou a Ruropólis começando a trabalhar com seu amigo de infância na exploração de madeira, eu sempre nas férias ao que para mim era tempo com meu pai o acompanhava no transporte de toras, o acompanhava desde carregamento no pátio de estocagem até o descarregamento na serraria em Santarém. Em Ruropólis, meus amigos eram filhos de donos de serrarias, madeireiras, agricultores.
Nessa mesma época, morando em Santarém com mais ou menos 11 anos de idade, meu tio materno, Juberto Pereira me repassava livros, revistas, cartilhas do Ibama, seu local de trabalho. Eu como sempre amei uma boa leitura e amava a floresta com seus mistérios, animais e lindas arvores; lia tudo que ele me dava. Meu avô materno, o cearense Josó Bento Pereira estava se aposentando na Sudam, após 31 anos de trabalho. Morou em Belterra como seringueiro, até hoje conta e canta suas histórias da floresta. Uma das minhas tias maternas, Magnólia Pereira Tavares trabalhava numa loja de passagens de avião, também vendia folders de turismo da Amazônia. E aí que tive contato com ecoturismo, lendo as revistas e vendo muitos turistas e seus comentários sobre o potencial da nossa região amazônica no cenário mundial.
Quando terminei o ensino médio, queria ser fisioterapeuta. Não passei no vestibular. Fiz então vestibular nas universidades públicas da época e passei na antiga UFRA-Tapajós para engenharia florestal. Confesso que me apaixonei pelo meu curso mesmo só após as aulas práticas. Foi o meu retorno ao convívio com a floresta. E nas aulas, aprendi então uma palavra nova: SUSTENTABILIDADE.
A experiência de ter participado do curso sobre manejo florestal sustentável realizado pelo Centro Nacional de Apoio ao Manejo Florestal (Cenaflor) do Serviço Florestal Brasileiro no Instituto Floresta Tropical, em Paragominas, graças aos recursos do Projeto BR-163 – Floresta, Desenvolvimento e Participação ajudou ainda mais eu entender, assim como acredito, que meus outros 28 colegas que estiveram no curso que durou uma semana, como é importante o nosso trabalho para a manutenção do equilíbrio, da preservação da natureza.
Hoje dou muito mais valor às experiências da minha infância. Entendo melhor o que vi e vivi na minha vida. Quero aplicar as coisas boas que aprendi em casa, com amigos e vizinhos de antigamente. E aplicar os conhecimentos de uma profissão que tem um futuro promissor na nossa região, território do Distrito Florestal Sustentável da BR-163, o primeiro que foi criado no Brasil.
*Formanda em Engenharia Florestal pela Ufopa.
2 comentários:
Que história interessante! Parabéns por ela. Desde criança os recursos naturais estiveram estritamente relacionados com sua infância, então, que essa boa relação continue, agora também, sob seus cuidados de profissional. Abraço.
Parabéns Paulinha, assim vc vai longe. Lembranças á sua tia Mag.
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