Paulo Cidmil
O Governador sabe o tamanho do pepino que tem na mão. Quem consegue ver dois palmos à frente do nariz sabe o tamanho do problema pós-plebiscito. É óbvio que os eleitores de Tapajós e Carajás darão uma votação superior a 70% a favor do SIM.
Como o Pará irá administrar a insatisfação dessas regiões no caso de o NÃO sair vencedor devido à maior densidade eleitoral da região metropolitana, amplamente favorável ao NÃO?
Para nós do Tapajós que sonhamos com a vitória do SIM, qualquer que seja o resultado, ele nos será favorável. Servirá para fazer reverberar na região metropolitana, que mal sabe de nossa existência, a realidade de abandono que vivemos.
Pós plebiscito, o Governo do Estado do Pará sabe que não poderá mais deixar O Oeste do Estado entregue à própria sorte. Terá que ampliar os investimentos e a descentralização administrativa, promovendo maior autonomia para a região.
O Governo Federal também saberá fazer a leitura do SIM nas regiões do Tapajós e Carajás, e perceberá com maior clareza nossas reivindicações, ampliando sua presença com maiores investimentos (hidroelétricas à parte).
Quanto a nós do Oeste do Estado, que estamos na luta pela criação do Tapajós, se quisermos ver o SIM sair vitorioso, temos que iniciar uma "guerra" de conquista dos eleitores de Belém, Ananindeua, Castanhal, Bragança, Marajó e outras cidades do novo Pará.
Cada cidadão do Tapajós precisa se mobilizar e pedir os votos dos eleitores da região metropolitana. Talvez o melhor caminho seja caminhar da periferia em direção a metrópole. Os habitantes das cidades periféricas do novo Pará desconhecem nossa realidade. Precisam saber que a vida deles irá melhorar pós-plebiscito e que a divisão será boa para todos.
Podemos realizar uma campanha conjunta com Carajás, principalmente nas regiões do Tapajós e Carajás, mas não devemos estar atreladas a Carajás em todas as regiões do Estado.
Tudo bem que o dinheiro do Carajás facilita as coisas, mas estar juntos na região metropolitana só é vantajoso para Carajás. É em Carajás que está o 2º maior parque de exploração mineral do País, e que não pára de crescer; possui um imenso rebanho bovino, carne de corte para exportação; grande produção de soja; esses tributos o Pará não gostaria de perder.
Também em Carajás, existem problemas de exploração do homem que remete ao período colonial, mas isso as elites políticas de Belém nunca quiseram saber ou foram coniventes, e quase sempre, precisou de intervenção Federal. Pelos problemas sociais e interesses econômicos que existem na região do Carajás, chego a pensar que ela deveria ser Federalizada, ser um Território Federal.
Na região metropolitana o NÃO deve ser atacado por dois flancos distintos, uma hora, a campanha do NÃO terá que fazer a opção de qual território é prioritário defender, e na “metrópole” a resistência a emancipação do Tapajós é menor. Temos a nosso favor uma luta de décadas. E o nosso isolamento histórico e geográfico é um bom argumento para sensibilizar o eleitor do novo Pará. Resumindo: temos muito mais História para contar.
A luta do Tapajós é mais legítima e justificada, não é apenas um consórcio de poderosos grupos e interesses econômicos em busca de maior poder sobre um território.
Precisamos de algumas iniciativas do Tapajós junto ao eleitor da região metropolitana. Tapajós e Carajás não são as mesmas coisas para o eleitor do novo Pará, isso a campanha do Tapajós precisa ver com clareza, caso contrário estará facilitando a campanha do NÃO, o que dificulta a realização de nosso sonho.
Gosto do nome NOVO PARÁ, é um bom slogan para injetar ânimo em uma população que vem sendo anestesiada com um sentimento de perdas. Não desanime Governador uma das melhores coisas da vida é a sensação do recomeço, trás alento ao espírito e revigora as energias. O Pará sempre será grande e sua cultura tão rica é o seu maior patrimônio, isso ninguém pode tirar do nosso querido, fraterno e sempre amado Pará, que como diz Gilberto Gil, nos deu régua e compasso.
Boa sorte Governador Simão Jatene, e não tema pela emancipação do Tapajós, no dia seguinte todos seremos mais fortes.
Um comentário:
Não estou sugerindo fazer uma campanha emotiva tipo tenham pena de mim, tanto que afirmo "Os habitantes das cidades periféricas do novo Pará desconhecem nossa realidade. Precisam saber que a vida deles irá melhorar pós-plebiscito e que a divisão será boa para todos".
Estou falando de vantagens: preservar Carajás e se ver livre do problema que é administrar o Oeste do Estado é uma grande vantagem para o Pará. O TAPAJÓS autônomo receberá investimentos que indiretamente beneficiará Belém, nosso principal centro de abastecimento, enquanto a BR163 não vem.
Minha sugestão é termos uma campanha autônoma junto aos eleitores do Novo Pará, marcar nossa diferença, e isso, passa por nossa história e isolamento do centro do poder, o que determina as desvantagens de sermos parte do Estado do Pará.
O gerenciamento do Oeste, hoje, é um problema para o Pará. As distâncias tornam qualquer ação do Estado na região uma operação problemática. Veja: TERRA SANTA 900 Km de Belém, JURUTÍ 850 Km, ORIXIMINÁ 820 Km, ALENQUER 700 Km, isso em linha reta, só que aqui envolve avião e barco ou estradas impraticáveis; NOVO PROGRESSO 1.200 Km, JACAREACANGÁ 2.000Km, toda a região da BR163 e Transamazônica, para chegar, envolve avião escasso até Itaituba e estrada precária. Carajás também tem problema parecido, apesar do acesso rodoviário melhor e menores distâncias, mas compensa com uma contribuição significativa para os cofres do Estado.
e vc? Parece estar sugerindo que compremos os votos dos eleitores de Belém, ta falando sério?
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