terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Agricultores denunciam corte ilegal de madeira em área de preservação

Do G-1

Denúncia é feita por moradores de assentamento no município de Trairão.
Desde outubro de 2010 a delegacia local registra 11 homicídios na região.

Do Globo Rural


Os agricultores de um assentamento do município de Trairão, no Pará, denunciam a exploração ilegal de madeira dentro de uma área de preservação ambiental.
Cerca de 300 famílias fazem parte do Plano de Assentamento Areia, criado em 1998 e localizado no município de Trairão, no sudoeste do Pará. Segundo os moradores mais antigos da comunidade, antes da reforma agrária o lugar já era explorado por madeireiros que abriram a estrada e facilitaram o acesso à área de 20 mil hectares que se tornariam o assentamento.
“A gente passou 15 dias com esse pessoal fazendo o assentamento. Eles vieram pela estrada dos madeireiros”, diz Antônia Feitosa da Silva, agente de saúde.
Em 2006, uma área de 200 mil hectares, vizinha ao assentamento, foi transformada na Floresta Nacional do Trairão. Mas a exploração continuou mesmo sendo área de preservação permanente.
Desde outubro de 2010 a delegacia local registrou 11 homicídios na região. Quatro das mortes estão ligadas à disputa de terra e à exploração de madeira. Os últimos crimes tiveram repercussão nacional. Em outubro de 2011, João Chupel, de 55, morreu com um tiro na cabeça depois de denunciar a exploração ilegal de madeira dentro da área da Floresta Nacional do Trairão.
O homem que não quis ser identificado também fez denúncias ao Ministério Público Federal. Ele sofreu dois atentados e continua ameaçado de morte. “Teve uma pessoa que me avisou: ‘os caras tentou te matar aí; só não te mataram porque você tava na outra moto e vinha de cabeça baixa, quando eles viram que era você, você já tinha passado; então, você foge porque os cara vão te matar’”, diz.
O Instituto Chico Mendes, o Ibama, o Exército e a Força Nacional montaram uma operação para tentar combater a extração ilegal de madeira dentro da Floresta Nacional do Trairão. Durante a operação o barracão da serraria desativada serviu de quartel general. Mas com o barracão vazio os caminhões voltaram a transportar madeira pela estrada que corta o assentamento.
A operação coordenada pelo Ibama terminou no dia oito de dezembro. Procurado pela equipe de reportagem, o Incra não quis dar entrevista. Em nota, o superintendente no oeste do Pará, Francisco Carneiro, informou que ainda este mês deve enviar técnicos ao local para apurar as denúncias.
* Matéria da Cassiele Rangel, de Itaituba.

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