segunda-feira, 7 de maio de 2012

A obsessão petista pela censura


Erica Lanuck
 
A obsessão do Partido dos Trabalhadores em controlar todas as instâncias que podem controlar seu poder ganhou um novo round com as declarações do presidente do PT, Ruy Falcão, no sentido de que o próximo inimigo a ser abatido pelo governo deve ser a imprensa.
As frases de Falcão falam por si só. Como contrastam com o projeto político do PT, os meios de comunicação devem ser contidos.

Leia aqui as declarações de Ruy Falcão http://migre.me/8YpHm.

Essa obsessão petista pela censura vem de longe. Ficou mais forte com a revelação de que o partido estava à frente do maior escândalo político da história recente: o mensalão.
O sonho do PT é passar à população a ideia de que todas as irregularidades envolvendo seu governo não passaram de uma “conspiração midiática”.
A primeira tentativa de amordaçar a imprensa ocorreu em 2004, quando foi encaminhado ao Congresso um projeto criando o Conselho Federal de Jornalismo. O Conselho teria poderes de "orientar, disciplinar e fiscalizar" o exercício da profissão. Poderia punir jornalistas. A Câmara vetou a iniciativa.
 Mas o esforço agora é fazer valer o seguinte raciocínio: já que o bicheiro Carlinhos Cachoeira estava por trás das gravações que deram origem ao mensalão, logo o escândalo não existiu. A precariedade e cinismo da estratégia é risível, mas ainda há setores do PT que insistem nessa tese.    
Para essa estratégia prosperar é preciso que o processo do mensalão, que corre no STF, se transforme em peça de ficção, assim como a existência incômoda do empresário Marcus Valério, além de inúmeros acontecimentos como o repasse de recursos ilegais a parlamentares em um shopping de Brasília ocorridos até 2004.
 O próprio ex-presidente Lula atuou bastante para que a CPI do Cachoeira tivesse dois alvos claros: o governador de Goiás, Marconi Perillo, que o alertou sobre a existência do mensalão, e a revista Veja, órgão de imprensa que mais incomoda o PT.
O ataque a Veja contém outro cinismo. Na superfície, condena-se os métodos da revista como antiéticos. Mas quando os mesmos métodos são utilizados contra oposição por outros veículos, o PT aplaude.
 O problema da estratégia de Lula contra a Veja e Perillo é que o escândalo Cachoeira acabou trazendo a tona novos fatos e personagens como o governador do Distrito Federal, o petista Agnelo Queiroz, a construtora Delta, principal empreiteira do PAC, e até  mesmo o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.
Como sinal desses novos tempos petistas, o ex-presidente Fernando Collor de Mello está na CPI do Cachoeira no autodeclarado papel de guardião dos documentos da comissão. Não quer que nada inconveniente vaze para a imprensa.
Outro nível de ação do governo é pagar fortunas para alguns jornalistas atacarem a imprensa e a oposição.
Sustentados por verbas de empresas estatais, profissionais como Paulo Henrique Amorim e Luiz Nassif, lideram uma verdadeira cruzada contra partidos como Democratas, PSDB e a todo que ousem a não baixar a cabeça para o projeto de poder petista.
O patrono desses agentes tem nome e sobrenome: o ex-ministro da Casa-Civil, José Dirceu, considerado pela Procuradoria Geral da República o chefe da quadrilha que resultou no mensalão. Em seu blog, Dirceu aconselha a população a se informar principalmente por esses jornalistas.
O governo Lula também iniciou uma política de repasse de recursos públicos por meio de verbas de publicidade para periódicos cujas linhas editoriais auxiliem o governo. O valor da fatura: R$ 10 bilhões!
Além disso, historicamente, em todos seus Congressos o PT repete a ladainha de controlar a imprensa por meio dos chamados “marcos regulamentários”. No último deles, em dezembro do ano passado, os militantes foram conclamados a enfrentar questões como “o controle de meios por monopólios, a propriedade cruzada, a inexistência de uma Lei de Imprensa”.
O novo nome da censura para o PT é: “controle social da mídia”. Como o governo controla os chamados “movimentos sociais”, o círculo se fecha. O que se quer é o controle da mídia pelo governo.  

A Argentina vive processo semelhante, porém mais agressivo do que o brasileiro de luta estatal contra a imprensa. Confira: http://migre.me/8Ysgc 

Por trás de todas essas campanhas não está o interesse público ou um suposto bem do País. Os personagens que atacam o jornalismo são movidos pelo rancor de terem sido descobertos.  Buscam, portanto, não acabar com a corrupção, mas aprisionar os meios que divulgam a roubalheira.

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