Erica Lanuck
A
obsessão do Partido dos Trabalhadores em controlar todas as instâncias
que podem controlar seu poder ganhou um novo round com as declarações do
presidente do PT, Ruy Falcão, no sentido de que o próximo inimigo a ser
abatido pelo governo deve ser a imprensa.
As frases de Falcão falam por si só. Como contrastam com o projeto político do PT, os meios de comunicação devem ser contidos.
Leia aqui as declarações de Ruy Falcão http://migre.me/8YpHm.
Essa obsessão petista pela censura vem de longe. Ficou mais forte com a
revelação de que o partido estava à frente do maior escândalo político
da história recente: o mensalão.
O
sonho do PT é passar à população a ideia de que todas as irregularidades
envolvendo seu governo não passaram de uma “conspiração midiática”.
A
primeira tentativa de amordaçar a imprensa ocorreu em 2004, quando foi
encaminhado ao Congresso um projeto criando o Conselho Federal de
Jornalismo. O Conselho teria poderes de "orientar, disciplinar e
fiscalizar" o exercício da profissão. Poderia punir jornalistas. A
Câmara vetou a iniciativa.
Mas
o esforço agora é fazer valer o seguinte raciocínio: já que o bicheiro
Carlinhos Cachoeira estava por trás das gravações que deram origem ao
mensalão, logo o escândalo não existiu. A precariedade e cinismo da
estratégia é risível, mas ainda há setores do PT que insistem nessa
tese.
Para
essa estratégia prosperar é preciso que o processo do mensalão, que
corre no STF, se transforme em peça de ficção, assim como a existência
incômoda do empresário Marcus Valério, além de inúmeros acontecimentos
como o repasse de recursos ilegais a parlamentares em um shopping de
Brasília ocorridos até 2004.
O
próprio ex-presidente Lula atuou bastante para que a CPI do Cachoeira
tivesse dois alvos claros: o governador de Goiás, Marconi Perillo, que o
alertou sobre a existência do mensalão, e a revista Veja, órgão de imprensa que mais incomoda o PT.
O ataque a Veja
contém outro cinismo. Na superfície, condena-se os métodos da revista
como antiéticos. Mas quando os mesmos métodos são utilizados contra
oposição por outros veículos, o PT aplaude.
O problema da estratégia de Lula contra a Veja
e Perillo é que o escândalo Cachoeira acabou trazendo a tona novos
fatos e personagens como o governador do Distrito Federal, o petista
Agnelo Queiroz, a construtora Delta, principal empreiteira do PAC, e até
mesmo o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.
Como sinal desses novos tempos petistas, o ex-presidente Fernando Collor
de Mello está na CPI do Cachoeira no autodeclarado papel de guardião
dos documentos da comissão. Não quer que nada inconveniente vaze para a
imprensa.
Outro nível de ação do governo é pagar fortunas para alguns jornalistas atacarem a imprensa e a oposição.
Sustentados por verbas de empresas estatais, profissionais como Paulo
Henrique Amorim e Luiz Nassif, lideram uma verdadeira cruzada contra
partidos como Democratas, PSDB e a todo que ousem a não baixar a cabeça
para o projeto de poder petista.
O
patrono desses agentes tem nome e sobrenome: o ex-ministro da
Casa-Civil, José Dirceu, considerado pela Procuradoria Geral da
República o chefe da quadrilha que resultou no mensalão. Em seu blog,
Dirceu aconselha a população a se informar principalmente por esses
jornalistas.
O
governo Lula também iniciou uma política de repasse de recursos públicos
por meio de verbas de publicidade para periódicos cujas linhas
editoriais auxiliem o governo. O valor da fatura: R$ 10 bilhões!
Além disso, historicamente, em todos seus Congressos o PT repete a
ladainha de controlar a imprensa por meio dos chamados “marcos
regulamentários”. No último deles, em dezembro do ano passado, os
militantes foram conclamados a enfrentar questões como “o controle de
meios por monopólios, a propriedade cruzada, a inexistência de uma Lei
de Imprensa”.
O
novo nome da censura para o PT é: “controle social da mídia”. Como o
governo controla os chamados “movimentos sociais”, o círculo se fecha. O
que se quer é o controle da mídia pelo governo.
A Argentina vive processo semelhante, porém mais agressivo do que o brasileiro de luta estatal contra a imprensa. Confira: http://migre.me/8Ysgc
Por
trás de todas essas campanhas não está o interesse público ou um
suposto bem do País. Os personagens que atacam o jornalismo são movidos
pelo rancor de terem sido descobertos. Buscam, portanto, não acabar com a corrupção, mas aprisionar os meios que divulgam a roubalheira.
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