segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A hora e a vez de Lula no mensalão

Ocorreu o que todos já desconfiavam, mas poucos envolvidos tinham coragem para afirmar. O publicitário Marcos Valério revelou finalmente que o chefe do esquema milionário do mensalão era nada mais nada menos do que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

E Marcos Valério disse muito mais. Contou que o ex-ministro José Dirceu era apenas braço direito de Lula; que os recursos movimentados ilegalmente chegaram a R$ 350 milhões (até então eram R$ 74 milhões); que os encontros para engendrar os crimes ocorriam no Palácio do Planalto e no Palácio da Alvorada.

E ainda: que Marcos Valério tratou várias vezes com Lula a respeito das tenebrosas transações, e que o ex-presidente cuidava pessoalmente da coleta clandestina de recursos. Ao ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, cabia decidir quais políticos precisariam receber os recursos ilegais.

“Só não sobrou para o Lula porque eu, o Delúbio e o Zé não falamos”, sentenciou Marcos Valério, em frase estampada na capa da revista.

Por fim, Marcos Valério afirmou que havia conseguido do PT garantias de que não seria condenado, algo que não se concretizou. Agora ele teme por sua morte. Daí resolveu falar, segundo reportagem de capa da revista Veja


Uma questão obscura é que a revista Veja não admite que fez uma entrevista com o empresário. Diz que conseguiu as informações por meio de terceiros, amigos de Valério. Provavelmente não foi assim que as coisas ocorreram.

De acordo com o jornalista Ricardo Noblat, a revista havia feito uma entrevista gravada com Marcos Valério, que não consultou seu advogado, Marcelo Leonardo. Ao saber do teor das declarações do cliente, o advogado tentou cancelar a publicação.

A revista se recusou a descartar a entrevista. A solução, acordada, foi afirmar que não houve qualquer conversa com um jornalista, mas que se tratava de um desabafo de Marcos Valério com conhecidos.

Inclusive, esse risco de a conversa de Valério com a Veja ter sido gravado é o que explica não ter havido praticamente nenhuma reação da imprensa governista contra a revista, como tem sido a prática habitual no jornalismo chapa-branca. Houve o temor de desqualificarem a entrevista e receberem como resposta uma gravação desmoralizante.

As negociações também explicam as ambíguas declarações do advogado de Valério, que negou a entrevista (assim como a Veja), e também não confirmou as declarações de seu cliente (tampouco as desmentiu).  A revista pode divulgar as gravações ainda na manhã de hoje.

De acordo com Noblat, Valério gravou um vídeo no qual incrimina meia República. A gravação está guardada em um cofre.

Nesse meio tempo, o presidente do Democratas, José Agripino, divulgou uma nota cautelosa e lúcida. “O que eram suspeitas colocam-se agora como objeto real de investigação pelas revelações atribuídas a Marcos Valério, principal agente operador do mensalão. Se confirmadas as revelações fica evidenciado que o mensalão estava instalado no Palácio do Planalto e no Palácio da Alvorada, símbolos maiores do poder da República. O Brasil espera explicações”.

O presidente Lula foi informado da reportagem, mas não quis se pronunciar. Mas da maneira habitual, redobrou o nível de agressividade. Na última sexta-feira, ofendeu o candidato do Democratas à prefeitura de Salvador, ACM Neto, que lidera com folga as pesquisas. No sábado, Lula chegou ao ponto de insinuar que o candidato à prefeitura de São Paulo, José Serra, corre o risco de ter um enfarte.

Mas o fundamental nessa história é saber quais são os fatos. O mínimo que ser quer é a punição para todos envolvidos, em outras palavras, justiça. Esta semana, por acaso, o relator do mensalão no STF, ministro Joaquim Barbosa, começa a leitura da parte do processo que envolve o núcleo político da trama. Personagens como José Dirceu e José Genoino agora entram na linha de tiro.

Uma coisa é certa. Ninguém sabe mais sobre toda essa falcatrua do que o publicitário Marcos Valério, já condenado por lavagem de dinheiro, peculato e corrupção ativa.(Rede Democratas)

2 comentários:

Anônimo disse...

Será que a Lucineide ainda vai colocar o vídeo do Lula pedindo voto pra ela?

Anônimo disse...

Mas o próprio Valério desmente a revista Veja. Ele nunca foi entrevistado. Aqui cabe informar as duas linhas dessa disputa. O certo é que com Lula no mensalão ou não, até o PMDB (em Belém) e o PPS (Marabá) estão buscando vantagem em sua popularidade. Mesmo porque quando as tvs batem no assunto mensalão a audiência começa a despencar como é o caso do Jornal Nacional. Ainda mais que a população (eleitor) já sabe que depois deste circo ninguém vai preso. Vejam se o Paulo Maluf ainda está preso ?? Pelo contrário foi até eleito deputado federal. Este é o Brasil que o eleitor conhece. Infelizmente!!!