Lúcio Flávio Pinto
Editor do Jornal Pessoal
O
advogado Ives Gandra Martins arrematou com uma frase de Roberto Campos (“a
melhor forma de evitar a fatalidade é conhecer os fatos”) um artigo no qual
vaticina o caminho pelo qual segue o Brasil: até uma encruzilhada. Os
integrantes do governo e seus simpatizantes reagiram apontando para a alegada
condição ideológica do autor, um homem de direita, de uma Opus Dei paulista que
gravita em torno do governador Geraldo Alckmin, do PSDB. E um advogado da
plutocracia paulista.
Mas
e os fatos?
Um
dos mais impressionantes continua à espera da devida contradita. Gandra, um
respeitado tributarista e advogado de conceito, acusou:
“Na
super-elite nacional, representada pelos governantes, o déficit previdenciário
gerado para atender menos de 1 milhão de servidores aposentados (1a classe) foi
superior a 50 bilhões de reais, em 2011; enquanto para os cidadãos comuns
(2a. Classe) - o povo -, foi de pouco mais de 40 bilhões, para atender 24
milhões de brasileiros!!!”
A
situação, que já é preocupante e injusta, vai se agravar ainda mais com novas
contratações para a administração pública, reajustes salariais e vantagens
adicionais.
Gandra
argumentou também:
“Numa
arrecadação de quase 1 trilhão e quinhentos bilhões de reais (35% do PIB
brasileiro), foram destinados à decantada bolsa família menos de 20 bilhões de
reais! Em torno de 1% de toda a arrecadação!!! O grande eleitor do Presidente
Lula e da Presidente Dilma não custou praticamente nada aos Erários da
República”.
Com
esse sistema de poder viciado, realmente não é improcedente a previsão de
Gandra e de vários outros analistas da situação do país: a conta de chegada vai
ser cara, dura e imprevisível. O barco brasileiro navega cheio de remendos e
arranjos artificiais. Se começa a fazer água quando o país tinha todas as
condições para progredir, ao invés de patinar em índices econômicos frustrantes
e indicadores sociais graves, o que acontecerá sob um tempo muito pior, como o
que ainda se anuncia no horizonte mundial?
Aos
fatos, portanto, com competência, seriedade e honestidade, para ver a realidade
concreta escondida em contas maquiadas ou submergida em discursos falsos.
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