Blog do Ze Dudu
Apesar da decisão do Supremo Tribunal
Federal (STF) pela inconstitucionalidade dos critérios usados na
repartição do Fundo de Participação dos Estados (FPE), o governo decidiu
manter os repasses, mesmo sem o Congresso ter definido novas regras
para a divisão da reserva. O Tesouro Nacional confirmou ontem a
autorização para o depósito de R$ 774,8 milhões para os estados e o
Distrito Federal, seguindo as normas condenadas pelo Supremo.
Em 2010, o STF declarou ser inconstitucional o
artigo 2º da lei complementar que rege o fundo, segundo o qual 85% dos
recursos do FPE devem ser destinados às regiões Norte, Nordeste e
Centro-Oeste, enquanto as regiões Sul e Sudeste devem dividir os 15%
restantes. Estado agraciado com a maior fatia, a Bahia , governada pelo
petista Jaques Wagner, recebeu R$ 71,8 milhões do fundo na parcela
depositada ontem. O Pará recebeu a quinta maior cota, R$ 46.765.208,28.
Na avaliação do tribunal, os critérios para
definir a regra mantida pelo governo estão defasados. O Congresso tinha
até o fim do ano passado para aprovar as novas regras, uma discussão
considerada pela Casa como mais polêmica do que a guerra travada entre
estados em torno da divisão dos royalties do petróleo. O ano de eleições
municipais ajudou a emperrar a discussão e o assunto só será retomado
em fevereiro, com o início do ano legislativo.
A ausência de uma nova norma para balizar a
divisão do fundo, alimentado com 21,5% dos recursos arrecadados com o
Imposto de Renda e com o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI),
levou o Tribunal de Contas da União (TCU) a aprovar, ainda em 2012, uma
portaria determinando que as regras de distribuição atuais deverão valer
até a edição de uma nova lei complementar. Foi com base nessa portaria
que o governo decidiu enfrentar o risco de uma batalha legal em torno do
fundo.
O presidente em exercício do STF, ministro
Ricardo Lewandowski, não se posicionou sobre o assunto. A discordância
entre a decisão do governo e a determinação do STF não gera de imediato
uma contestação legal sobre o rateio do FPE, porque o Supremo só se
manifesta nessas circunstâncias quando provocado por alguma ação.
A incerteza jurídica em torno do fundo gerou
tensão dentro do governo. No início do mês, o ministro interino da
Fazenda, Nelson Barbosa, e o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams,
foram até o presidente do Supremo, Joaquim Barbosa, para tentar
resolver o impasse sobre o pagamento das parcelas do FPE, mas não
obtiveram nenhuma resposta definitiva sobre o tema. A possibilidade de
não haver repasses a partir de 10 de janeiro — quando foi feito o último
pagamento em conformidade com a determinação do STF, assustou os
governadores. Ao menos seis estados — Acre , Amapá , Piauí , Rondônia ,
Roraima e Tocantins — têm quase 70% dos seus orçamentos lastreados pelo
repasse federal, realizado desde 1966.
Saiba quais são os cinco maiores beneficiados com os recursos do FPE:
1° Bahia – R$ 71.893.856,36
2° Ceará – R$ 56.137.378,37
3° Maranhão – R$ 55.229.160,07
4º Pernambuco – R$ 52.796.022,61
5° Pará – R$ 46.765.208,28
Com informações do Correio Braziliense
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