O incêndio que deixou 194 mortos
em 2004 na boate República Cromañón, em Buenos Aires, similar ao que
ocorreu neste domingo em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, provocou uma
série de mudanças na segurança nas casas noturnas da capital argentina.
As medidas incluíram mais sinalização interna
das discotecas indicando a saída de emergência; menos tolerância no
tocante ao limite de público autorizado para cada local e a colocação de
cartazes indicando a quantidade permitida de pessoas no recinto.
Locais com mais de um andar devem
também agora atualizar, regularmente, informações sobre a resistência do
prédio, segundo documento da Agência Governamental de Controle
publicado (AGC) no site do governo da cidade de Buenos Aires.
As medidas foram definidas após reunião com
empresários do ramo, músicos, arquitetos, engenheiros e os grupos que
representam os pais das vítimas daquela tragédia na República Cromañón.
Cabe à AGC verificar que as normas de segurança estão sendo cumpridas,
de acordo com informações oficiais.
Internet
Além de novas exigências para as casas noturnas,
também foram definidas e intensificadas as normas de segurança para
bares, teatros independentes, clubes com música ao vivo e salões para
tango, por exemplo. As exigências de segurança deverão ser respeitadas
antes da abertura do local e durante seu funcionamento.
De acordo com o governo da cidade, os “cidadãos poderão saber o estado de habilitação e funcionamento dos locais na internet”.
O documento diz que eventos de grande público, como recitais e festas, deverão ter “autorizações especiais”.
As novas regras de segurança incluíram decretos, resoluções e leis.
Muitos dos debates contaram com a participação
dos familiares das vítimas e foram transmitidos ao vivo pelas principais
emissoras de televisão do país.
Efeito Cromañon
Na prática, a tragédia na casa noturna portenha gerou uma série de medidas batizadas de “Efeito Cromañon”.
Logo após o episódio, que ocorreu no dia 30 de dezembro de 2004, várias casas noturnas foram interditadas no país.
Levantamentos indicaram, na ocasião que das
quase duzentas casas noturnas da cidade, somente 61 atendiam às novas
exigências de segurança.
Investigações policiais e judiciais revelaram
que a discoteca República Cromañón tinha o certificado de bombeiros
vencido, cerca do triplo de público permitido e problemas com a saída de
emergência.
A perícia apontou que o uso de pirotecnia provocou o incêndio, que gerou uma fumaça mortal.
O grupo de rock teria o hábito de usar
pirotecnia em seus shows, o que não teriam feito naquela noite,
sugerindo que a iniciativa poderia ter partido do público.
A tragédia provocou prisões de empresários, dos músicos e renúncias de políticos na cidade.
Ainda hoje o caso comove a Argentina. Na
internet, especialistas publicaram documentos sobre o que deveria ser
feito para que novas tragédias como esta não ocorram no país.
Num deles, da Universidade de Palermo,
especialistas dizem que a população também deve estar "mais atenta"
sobre os locais que frequentam, tentando saber se cumprem ou não as
exigências de segurança.
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