Na sede do CFZ, com a camiseta em comemoração ao seu aniversário: "Nunca me achei uma celebridade" |
Do Correio Braziliense
Rio de Janeiro
— Às vésperas de completar 60 anos, Zico está desempregado da profissão
de treinador após a saída da seleção iraquiana, e poderia apenas ficar
em casa, curtindo a vida confortável que o futebol lhe deu. Mas não.
Sempre que está no Rio, ele vai ao centro de treinamento do CFZ, no
bairro do Recreio dos Bandeirantes. Normalmente, fica no local durante
todo o horário comercial e dá expediente como a maioria dos brasileiros.
Ao contrário de vários jogadores do presente, muito distantes do mesmo
status de craque, atende pessoalmente todos os pedidos de reunião e
distribui autógrafos a quem vai a seu encontro.
“As portas estão abertas para quem quiser entrar e conversar. Nunca me escondi de ninguém e tento atender todos da melhor maneira possível. Nunca me achei uma celebridade e nunca me posicionei assim”, diz o camisa 10 mais importante da história do Flamengo e maior artilheiro do maior estádio do país, ao Correio.
Não é discurso. Basta uma simples ida ao CT para constatar o que ele diz. Não há seguranças ou pessoas com crachá pedindo identidade. O acesso é livre aos campos (se não houver ninguém treinando, claro), à sede, à loja e até a uma galeria com fotos e notícias sobre a carreira de Zico. Tudo isso, é claro, correndo o risco (bom) de dar de cara com o ídolo.
Dentro e fora do clube, todos atestam o fácil acesso a Zico. “Ele é muito parceiro. Muitos jornalistas vêm aqui. Ele se preocupa em atender todos. Há dias em que sai às 21h ou 22h, depois de dar seis ou sete entrevistas. É um cara sério e sempre cumpre com o que diz”, testemunha José Matos, gerente administrativo do CFZ. O funcionário trabalha com Zico há 32 anos e também ajudou a cuidar dos filhos do Galinho de Quintino. Nas ruas, as pessoas também não desmentem. Mesmo torcedores de times rivais admiram a postura de Zico. “Sou vascaíno, mas a maneira com a qual ele atende as pessoas é sensacional. Não há como não aplaudir”, diz o administrador Rodrigo Amorim.
Júlio César, o Uri Geller, é outro que fala sobre esse lado de Zico. Ponta-esquerda titular na conquista do primeiro título brasileiro do Flamengo, em 1980, teve algumas dificuldades após pendurar as chuteiras e procurou o companheiro. “Na época em que jogamos, o futebol não dava muito dinheiro. Quando me aposentei, o Zico abriu as portas para mim e eu fiquei 13 anos como professor nas escolinhas do CFZ”, recorda.
O que ele disse...
“...tenho dito e repetido que Zico é o maior jogador do mundo. Há os que negam, cegos pelo óbvio ululante. Mas, se a evidência quer dizer alguma coisa, não cabe dúvida nem sofisma”
Nelson Rodrigues, em sua coluna no jornal O Globo, em 9/3/1976
Trajetória
1953
» Nasce Zico, em 3 de março, na Rua Lucinda Barbosa, nº 7, em Quintino, subúrbio carioca.
1967
» Chega ao Flamengo, aos 14 anos, levado pelo radialista Celso Garcia, que o viu em ação pelo Juventude de Quintino, time do seu bairro.
1971
» Estreia pelos profissionais do Flamengo, em
29 de julho, e dá o passe para Fio Maravilha fazer o gol da vitória por 2 x 1 sobre o Vasco.
O rubro-negro jogou com: Ubirajara; Murilo, Washington (Onça), Fred, e Tinteiro; Liminha e Tales (Chiquinho); Nei, Zico, Fio e Rodrigues Neto. O primeiro gol do Galinho é marcado em 11 de agosto, contra o Bahia, na Fonte Nova, em Salvador.
1976
» Debuta pela seleção principal contra o Uruguai e marca, de falta, o gol da vitória brasileira por 2 x 1.
1978
» Convocado para a Copa do Mundo, Zico é titular da Seleção Brasileira com a camisa 8. A 10 era de Rivellino. No mesmo ano, cobra o escanteio para Rondinelli, o “Deus da Raça”, marcar de cabeça o gol do título carioca do Flamengo, que ajudou a afirmar toda a sua geração.
1980
» O Flamengo é campeão brasileiro pela primeira vez. Zico faz um gol e dá uma assistência na vitória por 3 x 2 sobre o Atlético-MG na final disputada no Maracanã.
1981
» O Flamengo alcança a maior de suas glórias, aquelas conquistas que formaram a maior torcida do país. O time leva, no mesmo ano, a Libertadores e o Campeonato Mundial de Clubes. Zico é responsável direto pelos dois títulos e se consagra de vez na história do futebol brasileiro.
1982
» O Flamengo é bicampeão brasileiro em cima do Grêmio. Zico dá o passe para o gol de Nunes, que decretou a vitória por 1 x 0 na final. Na Seleção, disputa a Copa do Mundo com a camisa 10. É o cérebro do time que encanta o mundo, mas perde para a Itália por 3 x 2 e acaba eliminado.
1983
» É tricampeão brasileiro com o Flamengo. Marca um dos gols na vitória por 3 x 0 sobre o Santos na decisão. No mesmo ano, é vendido para a Udinese, da Itália.
1985
» Retorna ao Flamengo, com direito a festa no aeroporto e desfile em carro aberto por toda a cidade. No mesmo ano, sofre uma entrada criminosa de Márcio Nunes, do Bangu, e fica quase um ano parado.
1986
» Parcialmente recuperado, disputa a sua terceira Copa do Mundo com a Seleção Brasileira. Fica marcado por ter perdido o pênalti nas quartas de final, contra a França. Converte a cobrança na decisão de penalidades, mas o Brasil é eliminado.
1987
Ganha a Copa União com o Flamengo. É quarto e último título brasileiro.
1989
Realiza seu último jogo com a camisa do Flamengo, na goleada por 5 x 0 sobre o Fluminense, em Juiz de Fora-MG. Marca um gol de falta.
1990
Em mais uma festa de despedida, reúne amigos no Maracanã. Ao deixar o campo pela última vez, ouve de mais de 100 mil torcedores, em 6 de fevereiro: “Por que parou? Parou, por quê?”
1991
Acerta a sua ida para o Japão, a fim de comandar um projeto de desenvolvimento de futebol. Mas decide entrar em campo e conquista de vez os japoneses.
1994
Aposenta-se definitivamente dos gramados e tenta a sorte como técnico, sem muito sucesso.
“As portas estão abertas para quem quiser entrar e conversar. Nunca me escondi de ninguém e tento atender todos da melhor maneira possível. Nunca me achei uma celebridade e nunca me posicionei assim”, diz o camisa 10 mais importante da história do Flamengo e maior artilheiro do maior estádio do país, ao Correio.
Não é discurso. Basta uma simples ida ao CT para constatar o que ele diz. Não há seguranças ou pessoas com crachá pedindo identidade. O acesso é livre aos campos (se não houver ninguém treinando, claro), à sede, à loja e até a uma galeria com fotos e notícias sobre a carreira de Zico. Tudo isso, é claro, correndo o risco (bom) de dar de cara com o ídolo.
Dentro e fora do clube, todos atestam o fácil acesso a Zico. “Ele é muito parceiro. Muitos jornalistas vêm aqui. Ele se preocupa em atender todos. Há dias em que sai às 21h ou 22h, depois de dar seis ou sete entrevistas. É um cara sério e sempre cumpre com o que diz”, testemunha José Matos, gerente administrativo do CFZ. O funcionário trabalha com Zico há 32 anos e também ajudou a cuidar dos filhos do Galinho de Quintino. Nas ruas, as pessoas também não desmentem. Mesmo torcedores de times rivais admiram a postura de Zico. “Sou vascaíno, mas a maneira com a qual ele atende as pessoas é sensacional. Não há como não aplaudir”, diz o administrador Rodrigo Amorim.
Júlio César, o Uri Geller, é outro que fala sobre esse lado de Zico. Ponta-esquerda titular na conquista do primeiro título brasileiro do Flamengo, em 1980, teve algumas dificuldades após pendurar as chuteiras e procurou o companheiro. “Na época em que jogamos, o futebol não dava muito dinheiro. Quando me aposentei, o Zico abriu as portas para mim e eu fiquei 13 anos como professor nas escolinhas do CFZ”, recorda.
O que ele disse...
“...tenho dito e repetido que Zico é o maior jogador do mundo. Há os que negam, cegos pelo óbvio ululante. Mas, se a evidência quer dizer alguma coisa, não cabe dúvida nem sofisma”
Nelson Rodrigues, em sua coluna no jornal O Globo, em 9/3/1976
Trajetória
1953
» Nasce Zico, em 3 de março, na Rua Lucinda Barbosa, nº 7, em Quintino, subúrbio carioca.
1967
» Chega ao Flamengo, aos 14 anos, levado pelo radialista Celso Garcia, que o viu em ação pelo Juventude de Quintino, time do seu bairro.
1971
» Estreia pelos profissionais do Flamengo, em
29 de julho, e dá o passe para Fio Maravilha fazer o gol da vitória por 2 x 1 sobre o Vasco.
O rubro-negro jogou com: Ubirajara; Murilo, Washington (Onça), Fred, e Tinteiro; Liminha e Tales (Chiquinho); Nei, Zico, Fio e Rodrigues Neto. O primeiro gol do Galinho é marcado em 11 de agosto, contra o Bahia, na Fonte Nova, em Salvador.
1976
» Debuta pela seleção principal contra o Uruguai e marca, de falta, o gol da vitória brasileira por 2 x 1.
1978
» Convocado para a Copa do Mundo, Zico é titular da Seleção Brasileira com a camisa 8. A 10 era de Rivellino. No mesmo ano, cobra o escanteio para Rondinelli, o “Deus da Raça”, marcar de cabeça o gol do título carioca do Flamengo, que ajudou a afirmar toda a sua geração.
1980
» O Flamengo é campeão brasileiro pela primeira vez. Zico faz um gol e dá uma assistência na vitória por 3 x 2 sobre o Atlético-MG na final disputada no Maracanã.
1981
» O Flamengo alcança a maior de suas glórias, aquelas conquistas que formaram a maior torcida do país. O time leva, no mesmo ano, a Libertadores e o Campeonato Mundial de Clubes. Zico é responsável direto pelos dois títulos e se consagra de vez na história do futebol brasileiro.
1982
» O Flamengo é bicampeão brasileiro em cima do Grêmio. Zico dá o passe para o gol de Nunes, que decretou a vitória por 1 x 0 na final. Na Seleção, disputa a Copa do Mundo com a camisa 10. É o cérebro do time que encanta o mundo, mas perde para a Itália por 3 x 2 e acaba eliminado.
1983
» É tricampeão brasileiro com o Flamengo. Marca um dos gols na vitória por 3 x 0 sobre o Santos na decisão. No mesmo ano, é vendido para a Udinese, da Itália.
1985
» Retorna ao Flamengo, com direito a festa no aeroporto e desfile em carro aberto por toda a cidade. No mesmo ano, sofre uma entrada criminosa de Márcio Nunes, do Bangu, e fica quase um ano parado.
1986
» Parcialmente recuperado, disputa a sua terceira Copa do Mundo com a Seleção Brasileira. Fica marcado por ter perdido o pênalti nas quartas de final, contra a França. Converte a cobrança na decisão de penalidades, mas o Brasil é eliminado.
1987
Ganha a Copa União com o Flamengo. É quarto e último título brasileiro.
1989
Realiza seu último jogo com a camisa do Flamengo, na goleada por 5 x 0 sobre o Fluminense, em Juiz de Fora-MG. Marca um gol de falta.
1990
Em mais uma festa de despedida, reúne amigos no Maracanã. Ao deixar o campo pela última vez, ouve de mais de 100 mil torcedores, em 6 de fevereiro: “Por que parou? Parou, por quê?”
1991
Acerta a sua ida para o Japão, a fim de comandar um projeto de desenvolvimento de futebol. Mas decide entrar em campo e conquista de vez os japoneses.
1994
Aposenta-se definitivamente dos gramados e tenta a sorte como técnico, sem muito sucesso.
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