Do blog do Parsifal
Em busca do tempo perdido
A
Assembleia Legislativa do Pará simbolicamente devolveu ontem (18) o
mandato de deputados estaduais e do ex-governador Aurélio do Carmo,
cassados pela ditadura militar.
A simbólica
anistia, que o Congresso Nacional já providenciou aos mandatos federais
cassados em 1964, não tem repercussão prática, mas traz à luz um
encontro com verdades que o Brasil procura escrever na democracia.
> Os cassados
Tiveram
os mandatos simbolicamente devolvidos o ex-vice-governador Newton
Miranda (vice de Aurélio do Carmo) e os ex-deputados estaduais Hélio
Gueiros, Laércio Barbalho, Álvaro Kzan, Benedito Monteiro, Dionísio
Bentes de Carvalho, José Manoel Ferreira, Maravalho Belo, Nagib Mutran,
Ney Brasil, Ney Peixoto, e Amílcar Moreira.
Os
únicos vivos são o ex-deputado estadual Amílcar Moreira e, aos 91 anos,
o ex-governador Aurélio do Carmo, ambos presentes no evento.
A busca da verdade ampla, geral e irrestrita
Presente,
o presidente da Comissão da Verdade do Rio de Janeiro, advogado Wadih
Damous, cobrou a instalação da comissão no Pará, à exemplo do que vários
estados vêm fazendo, na esteira da Comissão Nacional.
Passados 28 anos do fim dos 21 anos de ditadura, (e só acham que ela foi branda
quem com ela não conviveu ou quem dela foi cúmplice) a verdade deve ser
perseguida não com revanchismo histórico ou jurídico: perfilo-me com os
que opinam que a Lei da Anistia foi ampla geral e irrestrita para os
dois lados (temos uma presidente da República que praticou atos que
alguns taxam de terroristas), mas com o objetivo de escrever a história
como ela ocorreu.
A verdade providencia a paz
O
Brasil precisa entregar aos descendentes dos que sucumbiram na guerra
contra a ditadura, pelo menos o atestado de óbito, com a verdadeira
causa, dos desaparecidos.
Só quem nunca teve um corpo amado para prantear antes do sepulcro, pode entender o quanto dói o eterno luto da incerteza.
Os
que sucumbiram, e seus familiares, precisam encontrar paz e essa só
virá com a verdade de como se deu cabo a milhares de homens e mulheres
que saíram um dia de casa e até hoje estão no limbo da história.
Não
me paga a pena a estultícia (desculpem-me) de argumentar que tombaram
combatentes de ambos os lados e por isso estamos quites: sim, era uma
guerra e na guerra soldados matam e morrem, mas os que morreram pela
ditadura estão todos, devidamente, condecorados.
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