Minha esposa me diz que Santo Antônio, ao contrário dos que muitos crêem, não é santo casamenteiro. Quem quiser bom matrimônio que vá falar com São José, o padroeiro da família, completa Rejane.
Mas embora haja controvérsias, ainda assim a exceção confirmaria a regra.
Foi apelando para Santo Antônio que um casal de namorados se tornou família duradoura. É claro que outros fatores positivos contribuem, também, para a longevidade da felicidade conjugal
Chegou o dia do casamento de Carolina, após a senhorinha correr sério risco de ficar no caritó.
Foi uma cerimônia civil e religiosa, em um clube social, numa quente manhã, em Santarém.
O suspense começou logo pelo atraso da noiva. Não que seja novidade o noivo ficar esperando um tempão pela consorte. Dá até uma emoção a mais à cerimônia, defenderiam muitos que não se importam com etiqueta social. Eu odeio ficar esperando, vou logo avisando quando me convidam para esse tipo de cerimônia.
Marcado para começar às 10h30, o casório se iniciou quase ao meio-dia, para desespero do pessoal da cozinha do clube, que via o suflê de bacalhau, que ia ser servido no almoço, se desmanchar por causa do calor do ambiente.
Alguns convidados e parentes queriam ver a noiva chegar à área externa, antes do ingresso dela ao salão e para isso providenciaram assentos extras.
Conversa vai, conversa vem, uma convidada curiosa procurou a irmã da noiva para saber se havia ocorrido algo grave, que justificasse tanta demora.
_ Eu já sabia que a mana ia demorar. Ela ainda está costurando na barra do vestido uma imagem de Santo Antônio, de cabeça para baixo, para amarrar o marido, explicou a irmã.
Depois de todo esse suspense, a noiva chegou sorridente, arrastando a barra do vestido, sob os olhares atentos da curiosa, que tentava confirmar se havia mesmo um volume na costura extra da barra interna do traje matrimonial feminino. Se notou algo estranho, calou-se para sempre.
Como toda regra tem exceção, até os dias atuais, como diria um decadente colunista social local, Carolina forma uma casal bacana com quem se 'amarrou' contando, quem sabe, com a eficácia da superstição de um santinho de madeira posicionado de ponta- cabeça, próximo aos seus pés.
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