sábado, 15 de março de 2008

Dom Amando, 65 anos

Paulo Bemerguy

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Ninguém que tenha passado pelo Dom Amando se esquecerá da professora Edith Bemerguy, a secretária. Com sua voz mansa e doce, sua letra de beleza incomparável que emoldurava os boletins que os alunos recebiam, seus passos cadenciados, sua elegância sóbria, a atenção permanente que tinha em relação a qualquer um - tudo isso cativava os alunos que passaram por lá. Olhar para aquelas janelas – aquelas duas, do lado esquerdo de quem fica de frente para o colégio – é ver Edith na secretaria, primeiro acompanhada de dona Adahil, depois de Elaine Kzan, Maria José e outras que o tempo não permite mais lembrar.
Ninguém se esquecerá do professor Emir – o Emir Bemerguy, que ali lecionou por muitos anos, em várias passagens alternadas durante sua carreira no magistério.
Ninguém que tenha passado pelo Dom Amando se esquecerá da professora Gersa, a mestra Gersonita Carneiro – que distribuía os “avisos” durante a oração do início das aulas e arrematava com os “deméritos” logo depois.
Não haverá quem não se lembre de irmão José Ricardo Kinsman, o diretor que inspirava terror para muitos e respeito a outros tantos, mas que cultivou amizades que se mantiveram duradouras para sempre.
Não haverá quem não se lembre de irmão Kevin, um dos “professores de disciplina” de mais longa “gestão”; de irmão Leonardo, com ser ar imponente que escondia o bonachão que sempre foi; de irmão Ronaldo, com seu enorme coração; de irmão Haroldo, com suas preleções religiosas que às vezes tomavam as aulas inteiras de inglês; de irmão Ernesto, com seu esforço para fazer a turma compreender aquelas fórmulas incompreensível de Física; do irmão Tomé – que fazia da Física e da Matemática obstáculos às vezes intransponíveis para quem estudava com ele; da professora Rosinete Amaral - com suas aulas de geografia e os mapas que ela passava como trabalhos de casa, para que os alunos soubessem onde ficavam os mais remotos recantos do planeta; do Bernardo (de História) – por onde andará o Bernardo?; da professora Alciete, que ensinava Biologia; do professor Olindo Neves, de Português e Literatura; da professora Celeste Guerreiro (também de Geografia, que falava uma aula inteira sem consulta uma anotação sequer).
Ninguém que tenha estudado no Dom Amando – lá pela década de 60 e 70 – dirá que não conhece Maria Alves Bastos, a dona Maria, a do lanche; a dona Maria da cantina, que criou 11 filhos graças, em boa parte à labuta de encher a pança de esfomeados estudantes que não se continham diante de seus croquetes, de seus sanduíches, de seus pastéis, dos sucos deliciosos que vendia. Maria Alves – quem olha pra ela ainda hoje, aos 86 anos e já longe de Santarém, vê a alma preciosa, nota logo o heroísmo das mães que, como ela, fizeram do colégio a extensão de sua casa e deram exemplos magníficos de humildade, trabalho e inteireza moral a tanta gente.
Ninguém que tenha estudado no Dom Amando se esquecerá do Bianor (o “Tuba” – como o chamavam pelos cantos, para escaparem de sua reação não muito amistosa), do Abdala nas aulas de educação física, da dona Ester e de dona Bibliana, que por muitos anos trabalharam na clausura da congregação.
No Dom Amando, muito encontraram suas esposas e maridos. Hoje, muitos dos que estão fora de Santarém não deixam de apresentar o colégio aos filhos e filhas.- Foi ali que estudei – é o que dizem às “crianças”.
Eles e elas olham para o Dom Amando, fazem uma pergunta ou outra, mas logo procuram outras paisagens, talvez o azul do Tapajós que se esparrama em frente à cidade.Não são nem capazes de imaginar que aquilo ali não é um prédio qualquer. É vida, é saudade, é gente, são lembranças – ternas e inesquecíveis.
“Meu Colégio Dom Amando / fonte do saber / tua fama está aumentando / como o meu querer / Salve, salve, alma mater / Glória do Brasil...)
Meu Colégio Dom Amando. Que passou por lá, jamais deixará de tê-lo como seu.
Para toda a vida.

Um comentário:

Anônimo disse...

Caro amigo e irmão Paulo,li já um pouco atrasado seu belo comentário sobre nosso eterno Dom Amando e confesso os olhos vieram lágrimas,tantas recordações maravilhosas, tantas coisas boas que o tempo encarrega agora de guardar!estou no sul do Pará mais precisamente na cidade de Parauapebas e agora e sempre recordo-me como um filme,do ambiente que fora nosso colégio,agora está mudado concerteza!lembro-me dos arraias do largo em comemoração das festividades de Nossa Padroeira "A cidade outra vez se embandeira, ganha enfeites de alegres quermesses, chega a festa fe sua padroeira...".O Dom Amando esta vivo em mim assim como o Amazonas está para o Tapajós e Viva nossos mestres maiores,que Deus em sua infinita bondade guarde meu pai o senhor Pedro Fona e Irmão Kevin,o nosso eterno professor,e mais uma vez Obrigado caro amigo Paulo por ter propiciado momentos maravilhosos em teus comentérios, parabéns e Sucesso!!


Afonso Camargo Fona