Bellini Tavares de Lima Neto
Articulista de O Estado do Tapajós
“O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quarta-feira (12) que o Produto Interno Bruto (PIB) teve crescimento de 5,4% no ano de 2007. O valor monetário chegou a R$ 2,6 trilhões.”
Hoje a corte federal está em festa. Os especialistas esclarecem que esse crescimento se deve, por exemplo, ao crescimento do consumo das famílias. Isso, por sua vez, decorre de aceleração do crédito e da massa salarial real. Ouvi o Ministro da Fazenda explicar que isso se deve aos investimentos de longo prazo efetuados no país. Entenda-se aí por investimentos internos e externos.
Eu confesso que não entendo absolutamente nada de economia. Mas, como qualquer um, sou curioso e tenho o péssimo costume de perguntar o porquê das coisas. Considerando que desde 2003 ouço o ocupante do Palácio do Planalto dizer que agora, sim, as coisas iam decolar que nunca neste país se fez isto ou aquilo, que ele recebeu uma herança maldita do governo anterior, aí é que a minha curiosidade cresce mesmo.
Afinal, o que realmente mudou nessa tal economia além do cenário internacional que, segundo os entendidos, vive um momento quase inédito de prosperidade e tranqüilidade? Os juros eram altos, os mais altos do planeta. Continuam altos. A inflação estava controlada desde 1994. Continua controlada. O ocupante do Palácio do Planalto vivia dizendo que o Brasil não deveria pagar a dívida externa, pois isso afrontava o povo. Também criticava duramente o tamanho da carga tributária e quase pegou em armas quando da criação da CPMF. Agora, recentemente, vejo o próprio festejando porque pagamos a dívida externa. Também vejo o distinto xingando céus e terras porque não prorrogaram a maldita CPMF que ele tanto odiava.
Durante anos a fio o partido do nosso homem, comandado por ele, se reservava o monopólio da ética, tanto na sociedade quanto na política. A marca do discurso era o rigor absoluto e incondicional no combate à corrupção e a todas as velhas práticas usuais entre os políticos brasileiros. De repente, tudo o que era alvo da fúria da turma virou a prática da turma. Até o velho caixa 2 passou a ser uma prática comum na política.
O que será, então, que aconteceu no país para estimular o investimento interno e externo? Aí começo a me lembrar do clima de catástrofe que tomou conta do Brasil às vésperas das eleições em 2002. O caos já estava no horizonte porque “ele” estava em vias de ser eleito. O dólar foi às alturas, falava-se em inflação dos tempos do Sarney (um dos grandes inimigos) e retorno dos controles de preço, além dos riscos de desapropriações pelos MST da vida. Aí, “ele” ganhou, se instalou no Palácio, mudou a face do programa Bolsa-Familia para distribuir um dinheirinho aos necessitados (um percentual imenso da população), manteve tudo o que existia antes, inclusive as velhas práticas tradicionais na política nacional. Ora, medo do que? Se o único perigo para o velho “status” nacional era aquele, vamos lá, minha gente, vamos lá por que “ele” é um dos nossos.
Não acho que não haja méritos nessa corte federal. Os entendidos dizem que na conjuntura mundial, era possível fazer muito mais. Ora, não vamos ser ranhetas. Alguma coisa já avançou. O que fica difícil, mesmo, é continuar ouvindo essa ladainha do “nunca neste país”. Seu moço, se o senhor tivesse feito ou tentado fazer só um pouco daquele barulho que fazia antes, não tinha nem federal, nem corte. Corta essa, moço. E deixa o Raulzito em paz porque ele estava falando de outra coisa.
12 de março de 2008
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