sábado, 8 de março de 2008

Memória de Santarém - por Lúcio Flávio Pinto


Rainha dos estudantes
A bela Eunice Lalor Imbiriba, filha do coronel Mário Imbiriba e de dona Beatriz, foi eleita, em 1952, Rainha dos Estudantes, em concurso promovido pela Associação dos Estudantes Secundaristas de Santarém. Teve 7.311 votos, contra 6.984 de Laura Macedo e 872 de M. J. Macedo (só as iniciais na notícia da imprensa).

Futebol poderoso
Juarez Ávila observa, em 1952, que Santarém era "a única cidade do Baixo Amazonas que tem um verdadeiro futebol". Além dos "poderosos esquadrões" do São Francisco, São Raimundo, América, Fluminense e Norte, havia muitos outros clubes menores, como Banguzinho, Flamenguinho e Juvenil. No entanto, todos esses clubes dependiam, para sobreviver, "da dedicação de meia dúzia de abnegados".
A situação seria outra se, nos dias da partida, não se observasse uma cena comum: "uma onda alarmante de furões, geralmente pessoas de boa condição social, que se negam a pagar os ínfimos Cr$ 5,00 que correspondem ao bilhete de entrada".
Juarez conclamava o santareno para cooperar com o esporte local, "não deixando de adquirir sua entrada quando for ao Estádio Municipal, porquanto com o aumento de renda, os clubes passarão a ter maior parcela na arrecadação e com isso eliminar-se-á o vergonhoso sistema de lista, que é utilizado para socorrer alguns clubes quando em situação angustiosa".

Peixe caro
Um operário ganhava diária de 20 cruzeiros em Santarém, em 1952. Um tambaqui de três quilos chegava a 45 cruzeiros. Mesmo pescada, filhote e dourada, de menor valor, não saíam por menos de oito cruzeiros o quilo. Esses preços, dizia O Baixo-Amazonas, eram o produto tanto da "ganância desenfreada" quanto da ação dos "atravessadores", que acarretavam "mais dissabores à pobreza, sem que a polícia e a fiscalização municipal tomem nenhuma providência em defesa da população".Observava o jornal: "É deveras contristador o quadro que deparamos diariamente, no mercado e nos pontos mais movimentados do nosso litoral, quando o povo se vê, indefeso, vítima da ambição de pescadores desumanos e atravessadores inescrupulosos". Cobrava do administrador do mercado e dos fiscais da prefeitura que levassem aos seus superiores "um retrato fiel da situação, para que a tabela do pescado seja cumprida, deixando de ser, como vem sendo, um mero papel decorativo".

Novo cinema
Em outubro de 1953 foi inaugurado o Cinema São José, localizado na avenida Rui Barbosa, ao lado da sede da Sociedade Artística Beneficente de Santarém. Tinha aparelhagem sonora de fabricação inglesa, Bell & Howell, para projeção de filmes de 16 milímetros, "o que há de mais recente na arte cinematográfica". Contava com dois fornecedores: a Metro Goldwin Mayer e a Republic.

Tablado no mercado
Em 1953 o prefeito Santino Sirotheau Corrêa mandou construir um tablado ao lado do mercado municipal, onde seria vendido peixe, na principal e mais movimentada rua da cidade. "Sem obedecer a nenhum sentido técnico, a construção em apreço constitui verdadeiro monstrengo em pleno centro de uma cidade que cresce e progride vertiginosamente, observou O Baixo-Amazonas, completando: "Vendo esse tablado, autêntica obra da roça, não sabemos se estamos em frente de um 'ring' de luta livre, maromba ou porto de lenha".

Matriarca dos Macambira
Maria da Luz Braga Macambira, viúva do coronel Leopoldo Macambira, morreu em janeiro de 1953, aos 92 anos. Era mais conhecida como Mariquinha. De sua vasta prole, ainda eram vivos então Maria José, esposa do deputado amazonense Augusto Pessoa Montenegro, e as senhoritas Joana e Ana Pereira Macambira, avós de Sílvio e Cléo Macambira Braga, dois dos mais destacados políticos santarenos. Todos, hoje, matéria de memória.

Um comentário:

Marcos Afonso disse...

Quem é a pessoa que aparece com dona Mariquinha?
Elá era avó do Cléo Bernardo e de Sílvio Braga?