Rosana Hermann
Asquerosa, pra um. Oportunista pra outro.
Boni acha que a mídia não pode carregar tanto nas tintas. Não faltam críticas pertinentes e embasadas aos excessos cometidos na cobertura do caso Isabella pela midia.
Mas não faltam também resultados mostrando o quanto a mídia cresceu em audiência com a cobertura incessante do crime.
Os telejornais, por exemplo, cresceram 46%,segundo a Folha.
O caso chamou mais atenção do que a CPI dos cartões corporativos.
E o que ele nos diz sobre nós, o público?
O que os peritos em comunicação podem concluir sobre a hipnose coletiva que o caso causou?
O que nos escraviza tanto, o que nos prende a tudo isso?
As pessoas dizem 'eu não aguento mais esse caso' mas continuam vendo.
Somos nós, as pessoas, o povo, o público, a audiência, que colocamos as coberturas em primeiro lugar de audiência mesmo quando não há nada para ser mostrado, em pleno domingo de manhã. Ancelmo Goes comenta texto de Clóvis Rossi, que acredita que seja o gosto pelo sangue.
Soninha acha que é o fascínio pelo horror.
Não sei a resposta.Mas há fortes indícios de que nós, a audiência, sejamos culpados ou ao menos, cúmplices, de todas as aberrações cometidas.
Se fizessemos uma reconstituição da cobertura da mídia no caso Isabella, compromvaríamos facilmente que muita gente, em busca de atenção, audiência e resultados, agiu de forma brutal, a ponto de ferir os princípios humanos, esganar o respeito, cortar as grades de proteção que nos separam do absurdo e, em minutos, atiraram a ética pela janela, que se estatelou no chão matando boa parte da nossa esperança.
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