segunda-feira, 26 de maio de 2008

Ensino voltado para jovens e adultos no País apresenta evasão próxima de 70%

Correio Braziliense

Elaborado com base num estudo de Vera Masagão, coordenadora de programas da Ação Educativa, e de José Marcelino, pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), um diagnóstico da EJA publicado pelo Ministério da Educação (MEC) aponta os desafios dessa modalidade de ensino. Não são poucos. “Em 2006, apenas 27% das escolas que possuíam matrículas em EJA contavam com biblioteca e, em somente 12% dessas escolas, os educandos tinham acesso a computador”, aponta o documento, que será usado como base de discussão na 6ª Conferência Internacional de Educação de Adultos (Confintea), marcada para maio do ano que vem, no Brasil.
Desistência
Como preparação para a conferência, o MEC realizou 32 encontros com professores, alunos, gestores escolares e movimentos sociais de todo o país. O documento base mostra que, nesse segmento da educação, a rotina de desigualdades regionais se repete. No Nordeste, 17% das escolas com EJA têm biblioteca, e 5% possuem computadores. Já no Sul, os percentuais sobem para 78% e 33%, respectivamente. Apesar do significativo salto de 59% das matrículas presenciais de EJA no ensino fundamental entre 1997 e 2006, e de 344% no ensino médio no mesmo período, o ensino de jovens e adultos não consegue manter os alunos em sala de aula. Cerca de 70% dos estudantes abandonam o curso antes de concluí-lo.
“A EJA tende a ser uma cópia do ensino regular e não atende às especificidades dos alunos. Além disso, a rotatividade dos professores é alta. Não se consegue montar um quadro fixo”, aponta Vera Masagão. Maria de Lourdes Santos, especialista em EJA, diz que os educadores precisam se esforçar para mostrar aos alunos a necessidade de prosseguir os estudos. “Muitos pensam que só de conseguir ler uma frase ou outra já estão preparados. Temos de mostrar que é necessário ir além”, diz. Vera Gangorra, professora, acrescenta que falta sensibilidade aos educadores. “Não se ter as mesmas expectativas em relação a esses alunos comparados aos estudantes do ensino regular”, ensina.

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