No Blog do Brasiliense, sob o título acima:
Meu eterno amigo Euclides Chembra Bandeira, que Deus o guarde, ensinava a seus focas em A Província do Pará de uma forma bem didática, copiada talvez do Analista de Bagé: "Repórter tem que ser burro. Se não sabe do assunto a ser tratado, pergunte à exaustão até entender". Chembra referia-se à notória soberba dos jornalistas, metidos a entender de tudo.
Lembro da lição Chembriana, digamos assim, porque até agora não consegui entender a lógica da proposta apresentada em Belém pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, de o governo federal liberar R$ 1 bilhão para os desmatadores da Amazônia refazerem as reservas legais de suas propriedades.
Bem, dexa ver se eu entendi direito: o governo vai pagar com o meu, o seu, o nosso suado dinheirinho para que aqueles fazendeiros que desmataram mais de 20% de suas propriedades na Amazônia, para fazer pasto para gado ou plantar cana-de-açucar ou soja, que são repetidas vezes multados pelo Ibama - recorrem sempre ao Judiciário e nunca pagam nada? O cara desmata e ainda recebe incentivo do governo Lula por terem descumprido o que determina o Código Florestal Brasileiro?
Péra lá! É o fim da picada, o samba do louro doido. Será, se for verdade, o supremo incentivo aos desmatamentos na maior floresta tropical do mundo. E ainda vem o presidente Lula com essa conversa que o Brasil é exemplo para o mundo em preservação ambiental.
Conversa para inglês ver! Vou chegar na minha propriedade, com 99% de floresta tropical úmida preservada, e mandar baixar a motosserra para produzir móveis finos com o mogno, lenha, carvão e o diabo a quatro. Quem sabe, num acesso de loucura, coloco abaixo a mata ciliar. Ganho uma grana desmatando e depois vou lá com o ministro Minc requerer um incentivo fiscal dos cofres da Nação para recompor minha reserva legal.
Se eu contar essa história aos patrícios em Lisboa, que o governo do Brasil paga incentivo para quem destruiu sua floresta na Amazônia eles vão morrer de rir. É piada de brasileiro. Só pode ser.
O título acima eu reproduzo de um artigo do amigo Lucio Flávio Pinto escrito em 1986.
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