segunda-feira, 23 de junho de 2008

Santarém, 347 anos

NOSTALGIA DE UM PESCADOR ENCATADO PELO RIO TAPAJÓS

Alessandra Branches
Repórter


Ele já foi jogador de futebol, trabalhou anos como carpinteiro, amante da pescaria e hoje, aos 89 anos de idade, relembra com saudades os bons tempos em que os rios da região proporcionaram com boas tarrafadas que enchiam as canoas com pescadas, tambaquis e outras espécies de peixes durante aventuras compartilhadas com outros grandes e famosos pescadores que nasceram e foram criados em Santarém. Alberto Dezencourt, seu Marçal, apelido dado quando jogador de futebol, lamenta a destruição do local onde viveu grande parte de sua juventude, as praias em frente à cidade.
"Grande parte dos meus amigos já se foram e não estão mais entre nós. Por enquanto, estou aqui para lembrar as boas histórias que vivemos e lamentar o que estão fazendo com a frente da cidade, palco da maioria das nossas alegrias, quando trazíamos quilos e quilos de peixes para vender e sustentar as nossas famílias. Hoje, das poucas vezes que vou visitar a rio, principalmente quando está na época do verão, vejo que a areia não está mais esbranquiçada como antes, o lixo toma conta do espaço. Não parece as lindas praias onde fui acostumados a jogar bola", conta seu Marçal.
Pai de 5 filhos e uma longa história de superação para dar o sustento da família, seu Marçal tem saudades de viajar e pescar pelos rios da região. "Se tem uma coisa que tenho saudades é de pescar. Lembro-me de uma vez em que eu e dois amigos, uma deles juiz da comarca de Santarém, fomos para o outro lado atrás de pescadas. Um deles desistiu e voltou depois de horas de espera. Assim que ele chegou em terra, fomos surpreendidos com um cardume bem gordo de pescadas grandes. Foram mais de 200 quilos em uma tarde que ficou para a história. Ainda levei uns peixes para ele", relembra com a alegria o episódio que ainda guarda na memória.
"A pescaria ainda está viva na minha mente. Tenho guardado algumas tarrafas velhas para pegar camarão, pescada e outros peixes. Quando quero matar a saudade, sempre peço para os meninos ( filhos), me levarem lá na beira. Tem dias que passo horas olhando para o rio e com uma vontade de descer até lá e pescar. Infelizmente, não tenho mais forças. Vou continuar só olhando", triste comentou o pescador.

2 comentários:

Anônimo disse...

Seu Maçal e D. Beatriz,
O meu quintal com suas pitombeiras e tamarindos. Só saudade.

Anônimo disse...

Além das Pitombeiras e Tamarindos, tinha tbm Saputilha... Abraços ao Tio MAçal e tia Beata...

Emerson Farias de Brito - Itb Pará