quinta-feira, 5 de março de 2009

Lúcio Flávio Pinto: Anti-jornalismo

Editor do Jornal Pessoal e articulista de O Estado do Tapajós

A primeira alfinetada de represália ao grupo Y. Yamada foi dada por O Liberal no dia 15. A coluna Repórter 70 registrou na nota de abertura dessa edição dominical: “Um grande grupo do varejo paraense demitiu 200 funcionários neste fim de ano e se prepara, segundo se comenta, para dispensar mais 2.000. Mexeu também no horário de funcionamento das duas lojas: acabou com a abertura durante as 24 horas do dia. Agora, fecha tudo às 23h”.
O jornalismo obrigaria o jornal a dar o nome desse “grande grupo do varejo”, a apurar se o comentário sobre as demissões é verdadeiro, a ouvir fontes sobre a questão e a abrir a matéria, que deve ser apresentada no contexto da crise internacional. Ao invés disso, uma nota sibilina, um autêntico recado ao grupo varejista: se não voltar a anunciar no nosso jornal – e como nós queremos – vai ver só.
Os Yamada responderam dois dias depois com um anúncio de meia página, publicado apenas no Diário do Pará, A empresa explicou que o fechamento na madrugada é temporário, para obras de manutenção numa de suas lojas, o Yamada Plaza. E aproveitou para reafirmar que “tornou-se o maior e melhor grupo de varejo do Estado do Pará e 5º maior do Brasil justamente por isso, pois sempre teve como maior objetivo” satisfazer seu cliente. Por esse critério, o esclarecimento devia ter sido prestado independentemente da provocação dos Maiorana.
Na outra vez, os Yamada acabaram cedendo à pressão e voltaram a anunciar nos veículos de comunicação do grupo. Em conseqüência, as críticas sumiram e os elogios voltaram. Qual será o desfecho desse novo round?

Crase

Uma sugestão ao redator da Borges, a agência que produziu o anúncio da Yamada: estudar melhor a crase. O “Comunicado à você” do título do anúncio não tem crase, que, como bem disse o cronista, não foi feita para humilhar ninguém.

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