Miguel Oliveira
Repórter*
A Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa) iniciou este ano um programa de corte do fornecimento de água que atinge, principalmente, consumidores de classes mais empobrecidas da
população. Somente no mês de julho, direção da empresa, em Belém, autorizou a gerência de negócios de Santarém a cortar a água de mil unidades consumidoras com atraso de pagamento. O curioso é que desta relação não fazem parte endereços de tradicionais devedores.
O Estado do Tapajós apurou que somente no centro comercial, um proprietário deve mais de R$ 35 mil à Cosanpa. Em um dos prédios foi construído umpoço artesiano. O consumidor cadastrado sob a matrícula 875805 é o empresário Paulo Campos Corrêa, pai do vereador Maurício Corrêa (PMDB) e do secretário municipal de meio ambiente Marcelo Corrêa.
Ainda no centro da cidade, a reportagem do jornal confirmou que dois hotéis devem juntos mais de R$ 10.500,00 à Cosanpa. No bairro do Santíssimo, uma emissora de televisão está devendo 85 faturas de água. O débito soma R$ 8.400,00. O proprietário é o ex-prefeito Ruy Corrêa, sobrinho do empresário Paulo Corrêa, o maior devedor individual de conta de água de Santarém. No prédio localizado na Trav. 15 de agosto, 20, o empresário Paulo Corrêa mandou perfurar um poço artesiano para que as salas comerciais deixassem de consumir água da rede pública e o
condomínio do prédio tentar se livrar da conta. Um dos inquilinos informou a O Estado do Tapajós que na taxa cobrada junto do aluguel consta o consumo de água, mas segundo os registros da empresa em Santarém, a unidade consumidora está em débito no período de dezembro de 2005 a maio deste ano( sendo que a fatura de junho ainda não foi
lançada no sistema da Cosanpa).
Procurado pela reportagem de O Estado do Tapajós, o gerente de negócios da Cosanpa em Santarém não quis permitir acesso do jornal ao cadastro de devedores da empresa. Rodrigo
José Machado informou, apenas, que a Cosanpa vai acionar judicialmente os devedores que não regularizarem seus débitos, sejam eles pequenos ou grandes consumidores.
Indagado sobre a estratégia de consumidores tentarem se livrar de débitos recorrendo à perfuração de poços artesianos, Rodrigo lembrou que há uma Lei Federal que garante que
"toda edificação permanente urbana será conectada às redes públicas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário disponíveis e sujeita ao pagamento das tarifas e de outros preços públicos decorrentes da conexão e do uso desses serviços. A instalação hidráulica predial
ligada à rede pública de abastecimento de água não poderá ser também alimentada por outras fontes".
A lista dos maiores devedores
TV. Dos Mártires, 30: R$ 7.100,00
Praça da Matriz, 18: R$ 1.270,00
Lameira Bittencourt, 344: R$ 3.588,00
15 de Agosto nº 20: R$ 34.000,00
Prédio da Av. Afonso Pena nº 25: R$ 8.476,33
Centro não sofre com a falta d'água
Ao contrário de outras áreas da cidade, onde há escassez e falta de abastecimento de água há vários anos, o centro comercial conta com fornecimento de água com regularidade. Alguns consumidores que constam da lista dos maiores devedores confirmaram que a Cosanpa
presta o serviço, mas cobra uma tarifa muito alta.
No Hotel Modelo, por exemplo, um funcionário informou não há flata de água nas torneiras. No Hotel Brasil, onde é cobrada a tarifa de R$ 350,00 mensais, a reportagem apurou que o débito já está sendo renegociado.
Além desses casos e dos prédios de Paulo e Ruy Corrêa a Cosanpa deve encaminhar a cobrança a um escritório de advocacia para acordo extrajudicial. Caso não haja pagamento, a empresa vai recorrer à via judicial para tentar receber o débito.
*Colaborou: Andrezza Aguiar
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