quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Invasores ainda não foram intimados a deixar terreno na Fernando Guilhon

Cilícia Ferreira
Repórter


Marcos Corrêa, um dos proprietários de uma área localizada no entorno do igarapé do Juá, no bairro da Conquista, em Santarém, invadida há cerca de um mês, informou a O Estado do Tapajós que a Justiça deu a reintegração de posse à família, mas que nenhum oficial de justiça compareceu ao local para intimar os invasores a deixar o local, até o fechamento desta edição. Os ocupantes da área estão tão tranqüilos que até marcaram para sábado(17) uma reunião para definir a ordenação da ocupação. A área ainda sofre com as queimadas feitas pelos ocupantes desde o dia 22 de setembro.
O Estado do Tapajós foi até o local e conversou com alguns invasores que estavam vigiando o pedaço de terra que separam para si. Os manifestantes pediram que a reportagem não divulgasse seus nomes.
Dona Maria (nome fictício) disse que invadiu o terreno com o intuito de 'tirar quatro lotes de terra para as filhas que ainda não têm casa. Ela disse que ela não precisa, mas está no local pelas filhas. Dona Maria não conseguiu os quatro lotes que queria, pois foi acertado que cada pessoa podia ficar com dois lotes, no máximo.
A invasora afirmou que passa o dia vigiando 'seu terreno', pois já apareceram diversas pessoas querendo se apropriar dos 'terrenos dela', além de outros, que segundo ela, vão para oferecer dinheiro para comprar os lotes, o valor máximo já oferecido foi de R$1.000, conta a senhora.
Para invasora os documentos apresentados pela família dona do terreno não foram suficientes para a sua saída. Ela questiona os dados do documento. E diz que não vai sair do terreno. Mas afirma que os invasores não vão usar de violência no caso da retirada deles mediante o documento de reintegração de posse.
Outro ocupante, João (fictício) diz que é casado e tem 2 filhas, mora de aluguel e precisa de moradia. Ele diz tirou somente um lote. Ele disse que se a família conseguir provar a posse do terreno ele sai sem problemas.
A reportagem conseguiu falar com uma integrante da comissão dos invasores. Maria Isabel Costa informou que o número de famílias cadastradas chega próximo de 3 mil. Ela diz que possuem a planta do 'futuro bairro', tendo a organização dos lotes e destinados até o local onde ficariam a escola, o posto de saúde.
A área total é de 1.370 hectares e pertence à Família Corrêa. Segundo informações da família, metade da área foi afetada pela invasão e não se sabe o número exato de famílias ocupantes.
Marcos diz que todos os documentos que a terra possui: Título de Posse, Certidões registradas em Cartório foram usadas como prova. Marcos disse que aguarda a posição dos órgãos competentes para realizarem a reintegração. Ele acrescenta dizendo que a terra pertence à família há cerca de 120 anos e que a Escritura Definitiva da área data de 1913.

Um comentário:

Oculista disse...

Sob o ponto de vista social e perfeitamente aceitável que pessoas/famílias reféns da ineficiente política fundiária do atual governo federal ocupem terras sabidamente improdutivas que não cumprem sua função social, servindo da sua mais valia somente para fins especulatórios de seu duvidoso proprietário, que alias, está em franco processo de aniquilamento econômico.
Para tanto, far-se-á necessária uma ordenação no processo de distribuição dos lotes no sentido de evitar aquinhoamentos direcionados a algumas famílias em detrimentos de outras.