Lúcio Flávio Pinto(18/09/2009):
Reproduzo a seguir artigo que me foi enviado por Oswaldo Coimbra, jornalista e pesquisador da Universidade Federal do Pará. Ele recupera para o conhecimento do leitor contemporâneo um documento de 45 anos atrás, que traduz não só a personalidade de um dos principais políticos em atividade no Estado nas últimas décadas, o ex-deputado, ex-senador, ex-governador e ex-prefeito Hélio Gueiros, mas a própria postura da elite paraense. A importância desse documento justifica abrir-lhe espaço neste jornal tão limitado, ao menos do ponto de vista físico.
Mas também a iniciativa de Coimbra motiva outro tipo de reflexão: onde ele poderia publicar sua oportuna contribuição para a nossa história? Qual, dos grandes jornais, a abrigaria, curvando-se ao seu valor intrínseco para deixar de lado eventuais interesses e conveniências próprias, que não dizem respeito à sua tarefa de bem informar a opinião pública (muito pelo contrário: a prejudicam ou mesmo anulam)?
Desta resposta pode-se ter uma idéia do grau de restrição que há na grande imprensa à livre circulação de idéias. No Pará, as pessoas – em especial as ditas notáveis nas colunas sociais utilitárias – são livres como um táxi, para usar a expressão mordaz de Millôr Fernandes.
Diz o artigo de Coimbra:
Embora o período da História Política do Pará afetado pelo Golpe Militar que derrubou o presidente João Goulart já esteja separado dos dias atuais por uma distância de mais de 45 anos, ainda se mantém como assunto perigoso, capaz de reacender velhos ódios. Certamente por isto, há tão poucos estudos a seu respeito. Não surpreende assim que provoque perplexidade, nas poucas vezes em que isto ocorre, a divulgação de algum documento através do qual seja possível reconstituir as atuações de personagens daquele período ainda vivos.
Foi o que aconteceu, por exemplo, no ano passado, quando se tornaram conhecidas as participações de algumas figuras públicas atuais na sessão da Assembléia Legislativa, realizada no dia 14 de abril de 1964, na qual foi cassado o mandato de deputado estadual de Benedito Monteiro. Naquele dia, Benedito tentava preservar sua vida nas matas do interior do Pará, perseguido por policiais que tinham autorização para matá-lo, caso ele reagisse à prisão. Na sessão, o deputado Hélio Gueiros contribuiu decisivamente para a punição do colega, como revela o jornal O Liberal, dirigido pelo próprio Hélio Gueiros, na sua edição de 15 de abril de 1964. Hélio era, então, líder da bancada do partido majoritário na Assembléia, o PSD (Partido Social Democrata), ao qual Benedito Monteiro havia acabado de servir, como secretário estadual de agricultura do governador Aurélio do Carmo.
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