Miguel Oliveira
Repórter
As autoridades policiais terão muita dificuldade para identificar os autores do incêndio que destruiu, na última terça-feria (9), cerca de 1.500 metros cúbicos de madeira extraída legalmente, segundo a Secretaria de Meio Ambiente do Estado (Sema) de planos de manejo da Gleba Nova Olinda. Orientados por integrantes de ONGs, Comissão Pastoral da Terra (CPT) e Frente em Defesa da Amazônia (FDA) e por um funcionário da prefeitura de Santarém, lideranças que se auto-intitulam indígenas da região do rio Arapiuns impediram que as imagens dos preparativos para queima das duas balsas retidas na ponta do Pedrão, na comunidade de São Pedro, fossem registradas por equipes de televisão e do jornal O Estado do Tapajós. Os líderes da manifestação apreenderam os equipamentos da TV Amazônia e TV Guarany e retiveram a lancha que transportou as equipes de imprensa de Santarém até o local, para impedir que fossem feitas imagens dos rostos dos autores do incêndio no momento em que estes transportavam galhos secos, estopa e gasolina.
Somente após a madeira já estar sendo consumida pelas chamas é que os equipamentos foram devolvidos e os jornalistas tiveram permissão para se aproximar das balsas. Mas desde a chegada à praia onde os manifestantes se concentravam, há cerca de um mês, que os jornalistas começaram a ser intimidados por líderes supostamente indígenas da região do Maró. Assim que as duas lanchas atracaram, os 'índios' exigiram que os jornalistas se identificassem e avisaram, em tom de ameaça, que não seria permitida a captação de imagens dos manifestantes até que a equipe do Ministério Público Federal chegasse para a reunião. Por interferência de lideranças da comunidade de São Pedro, os jornalistas puderam assistir as reuniões, porém foram proibidos de filmar ou fotografar os manifestantes.
A insegurança dos jornalistas aumentou após a reunião dos 'índígenas' com o procurador federal Cláudio Henrique, procurador municipal Renato Alho e do chefe do escritório do Ideflor em Santarém Joaquim Vieira. Revoltados com o não atendimento das principais reivindicações ( Leia Box no final desta matéria), os manifestantes anunciaram a decisão de incendiar as duas balsas carregadas de madeira que estavam bloqueadas desde o dia 17 de outubro no rio.
Antes dessa decisão, os jornalistas foram chamados a uma reunião no interior do acampamento e comunicados que teriam que entregar os equipamentos de filmagem. Neste momento, um grupo de 'indígenas' tentou invadir a lancha onde se encontravam jornalista e tripulantes, mas foram dissuadidos de subir na embarcação. Após uma tensa negociação os equipamentos foram devolvidos e os jornalistas permaneceram no interior da lancha até que recebesse autorização dos manifestantes para deixar o local.
Queima da madeira já estava decidida
Em conversa com manifestantes, antes da chegada do procurador Cláudio Henrique, os jornalistas Miguel Oliveira, Carlos Silva e Ronilma Santos e os cinegrafistas Aloísio Junior e Márcio Bezerra puderam sentir que o desfecho do protesto, em caso do não atendimento das reivindicações, seria a destruição da madeira.
Os repórteres puderam identificar pessoas de Santarém e até do exterior infiltradas manifestação. Foram esses "assessores' que instigaram os 'indígenas' contra os jornalistas. Dentre estes estavam Dianel Cardoso, funcionário da secretaria de cultura de Santarém, Gilson Rêgo, membro da FDA e assessor da CPT e a geógrafa norte-americana de prenome Brenda, que alegou estar no local fazendo uma pesquisa para tese de curso de pós-graduação.
Brenda foi quem retirou do interior de uma bajara algumas toalhas que foram entregues aos índios para serem utilizadas como chumaço embebido de gasolina.
Já Gilson era quem orientava os índios a questionarem as explicações do procurador Cláudio Henrique sobre a criação do território indígena do Maró. Ele por algumas vezes chego a interromper a reunião para reclamar do descaso Gilson(blusa rosa) e Brenda(Bermuda branca e boné vermelho)
da FUNAI para com os 'indígenas' da região do Arapiuns.
Dianel, apesar de ser servidor municipal, estava longe de seu local de trabalho, na sede do município, e era o locutor oficial da manifestação. Foi ele quem fez, inclusive, as mais pesadas críticas ao presidente da Câmara de Santarém, vereador José Maria Tapajós, à prefeita Maria do Carmo e à governadora Ana Júlia Carepa. Mesmo vigiados por alguns manifestantes e observados de perto por 'assessores', os jornalistas conseguiram driblar a vigilância, captar algumas imagens da reunião com o procurador federal e do momento da apreensão das câmeras de filmagens, e conversar com moradores de São Pedro, que não apoiavam o protesto.
Foram esses ribeirinhos que avisaram os jornalistas que algumas bajaras com 'indígenas' em seu interior já tinham atravessado o rio em busca de galhos secos, mesmo antes do final da reunião com as autoridades, mas os equipamentos embora ainda não tivessem sido apreendidos estavam na mira dos manifestantes e não puderam ser utilizados. Desse momento até o final da reunião a expectativa era o anúncio da queima da madeira, o que realmente aconteceu, mas os jornalistas não puderam documentar os preparativos, o deslocamento das bajaras e rabetas levando os 'índios' até as balsas carregadas de madeira.
Essa estratégia arquitetada pelos mentores dos manifestantes teve a clara intenção de dificultar a investigação policial a respeito do incêndio da madeira interditada no rio Arapiuns. Uma rabeta do agente comunitário de saúde(ACS) de São Pedro foi utilizada para transportar os 'indios' até as duas balsas. O fato foi comunicado por um jornalista ao procurador municipal Renato Alho, que se limitou a pedir que esse detalhe não fosse divulgado pela imprensa.
No momento em que começou o incêndio da madeira, o procurador Cláudio Henrique ainda se encontrava na praia do Pedrão e se recusou a permanecer no local a pedido dos jornalistas, como forma de inibir uma investida dos 'indígenas' contra a integridade dos profissionais de imprensa. Ele não concordou em deixar o local em comboio com a lancha que transportava os jornalistas. Nem o procurador, nem o delegado da Marinha, capitão Evandro Santos, eu também participou da reunião.
MPF exige pressa na solução dos conflitos no Arapiuns
O Ministério Público Federal considera necessária uma intervenção mais eficaz dos órgãos públicos para mediar o conflito. Entre as medidas que o MPF já solicitou, recomendou à Funai que apresse a demarcação da Terra Indígena Maró e pediu a extensão da operação Arco do Fogo para o território que está em disputa.
O estudo de identificação e delimitação da Terra Maró foi concluído em julho, mas até agora não foi apreciado pela presidência da Funai. - A lei estabelece prazo de 15 dias para que a Fundação Nacional do Índio aprecie o relatório de identificação, diz a recomendação do MPF. O prazo já se esgotou e a FUNAI já avisou que antes do final do ano o estudo não ficará pronto a tempo de ser publicado ainda este ano no Diário Oficial do Estado.
Os moradores acusam a Secretaria de Meio Ambiente do Pará de permitir manejo irregular no território que reivindicam como posse das comunidades tradicionais. Para o MPF, há evidências de extração irregular e a fiscalização é necessária. O procurador Cláudio Henrique anunciou que já pediu a realização de uma operação Arco de Fogo na Geba Nova Olinda, mas que o pedido está sendo analisado pela Polícia Federal, Força Nacional de Segurança e IBAMA, em Brasília.
Reivindicações dos manifestantes
* Realização de operação pente-fino na gleba Nova Olinda com uma articulação entre os órgãos federais e estaduais;
* Que a madeira das balsas barradas seja identificada e medida na comunidade de São Pedro, com o acompanhamento dos comunitários do movimento, e que essa madeira, em caso de irregularidade, seja destinada às comunidades da região;
* Paralisação por completo a de todos os planos de manejo da gleba Nova Olinda;
* Doação/regularização das Terras Indígenas Maró com a demarcação pela Funai;
* Que a madeira que se encontra no pátio e nos planos de manejo seja beneficiada em Santarém e que por meio de leilão seja criado um fundo de reserva em benefício da Gleba Nova Olinda, sendo que parte do arrecadado deve ser doada para as comunidades afetadas pela enchente no município de Santarém;
* Retirada dos grileiros e madeireiros da gleba Nova Olinda;
* Ampliação da área do projeto de assentamento agroextrativista de Vista Alegre.
2 comentários:
O jornal Liberal já desmascarou o lider indigena que comanda essa operação, cujos avós são do Rio Grande do Norte, portanto, nordestinos com muitissima honra e, que agora devem estar se revirando em seus tumulos, pela atitude irresponsavel de um dos seus descendentes.....
Este artigo relata a verdade pura!
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