quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O goleador paraense

Lúcio Flávio Pinto

Octávio Moraes não recebeu, em sua terra natal, o registro que merecia ao morrer, no dia 19 de outubro, no Rio de Janeiro, por causa de complicações que se seguiram à queda e quebra do fêmur, em seu apartamento. Octávio era irmão de Eneida, uma das mais conhecidas escritoras que o Pará já teve (além de muitos outros títulos, creditados ao seu modo de viver, vibrante e participativo).

Mas a fama de Octávio não resultou por gravidade da irmã famosa, que também estabeleceu seu reduto na antiga capital federal. Ele foi o sétimo maior artilheiro do Botafogo: fez 174 gols em 200 jogos pelo alvi-negro, inclusive o que decidiu, em 1948, a partida e o campeonato contra o “expresso da vitória”, como era conhecida a máquina de triturar adversários do Vasco da Gama, no auge do seu poderio.

O Botafogo colocava fim a um jejum de 12 anos sem levantar o troféu, graças a Octávio, que no ano seguinte foi campeão sul-americano e, só por um azar (ou sorte), ficou de fora da seleção brasileira que perdeu a Copa do Mundo de 1950 para o Uruguai.

Em 1953, depois de 12 anos a fazer gols pelo Botafogo e ser considerado um dos melhores centroavantes do futebol brasileiro, Octávio pendurou as chuteiras. Passou a se dedicar à arquitetura, ao Jornal do Brasil, à Associação Garantia ao Atleta Profissional, da qual foi presidente, e a criar um dos esportes mais identificados com o espírito praiano do Rio, o futevôlei. Inquieto e ativo até o final da vida. Marca de família.

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