terça-feira, 2 de março de 2010
O fator gás
Lúcio Flávio Pinto
Editor do Jornal Pessoal
Em novembro do ano passado o gás natural extraído da jazida de Urucu começou a ser escoado para Manaus através de um gasoduto com 660 quilômetros de extensão. Em setembro deste ano todas as nove usinas térmicas que abastecem a capital amazonense com 1,5 mil megawatts de energia deixarão de queimar óleos poluentes e passarão a ser movidas pelo gás, combustível muito mais limpo e barato. Duas décadas depois de ser descoberto, o campo de Urucu se tornará plenamente produtivo. Mas ainda estará subutilizado.
Da sua produção, equivalente a mais de um terço do que o Brasil importava da Bolívia, no auge da sua utilização, apenas 40% irão para as termelétricas, a produção de gás liquefeito e outros pequenos usos. A maior parte ainda continuará a ser reinjetadas nos poços. Mesmo assim, a viabilização comercial do Urucu provocará o mesmo interesse pelo Juruá, descoberto uma década antes, mas que era menos competitivo, por estar 120 quilômetros mais distante do principal centro de consumo da região, que é Manaus. Com a otimização dos poços e a agregação dos dois campos, a Amazônia estará com um apreciável excedente de gás. Precisa definir com urgência (e inteligência) o atendimento de necessidades atuais e a criação de novas demandas.
Para isso, é preciso mudar a matriz energética regional. O gás do Urucu-Juruá tem condições de ir além da metade ocidental da Amazônia, suprindo Belém e provavelmente os novos empreendimentos no vale do Araguaia-Tocantins, quando foi concluída a transposição da barragem de Tucuruí e estabelecida a plena navegabilidade do Tocantins com os serviços de limpeza no seu leito. A equação energética não pode mais conter apenas a hidreletricidade: tem que passar a considerar o gás natural, o que não está acontecendo.
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