sexta-feira, 9 de julho de 2010

Caso Bruno: um horror sem fim

Por Ricardo Kotscho

Desde que surgiram as primeiras notícias sobre o caso do goleiro Bruno, ídolo e capitão do Flamengo, pensei em escrever sobre o assunto, mas fui adiando porque me sinto mal ao ler sobre estas histórias macabras. Por isso, nunca fui ver um filme de terror e até evito o noticiário sobre crimes hediondos.

Mas é impossível ficar calado diante dos rumos que este caso tomou. Não se fala de outra coisa em todo lugar aonde vou. Cada vez que entro na internet e leio novas informações sobre o sequestro e o assassinato da jovem Eliza Samudio, de 25 anos, ex-amante e mãe de um filho do jogador, mais fico chocado com o que leio sobre este horror que parece não ter mais fim.

Em mais de 45 anos de profissão de repórter, pensei que já tinha visto de tudo, mas nunca me deparei com nada semelhante em requinte de crueldade. Poupo-me e aos leitores de entrar em detalhes sobre o que está sendo apurado pela polícia. Já está tudo publicado aqui mesmo no iG.

Escrevo esta breve nota para desabafar e dividir com os leitores minha dor e revolta diante do que Bruno e seus amigos foram capazes de fazer com uma moça indefesa, que já tinha sido ameaçada por ele e prestado queixa à polícia no ano passado. Eliza estava apenas defendendo os seus direitos e os do filho, como em tantos outros casos de meninas que se envolvem com jogadores famosos, frequentam as suas orgias e acabam engravidando deles.

Nós e a polícia só ficamos sabendo o que aconteceu um mês atrás graças a uma denúncia anônima e a um menor, primo de Bruno, que participou do crime e resolveu contar tudo.

Como é que seres humanos, se assim podem ser chamados, chegam a este ponto de desumanidade, algo que nem a ficção dos piores filmes de horror é capaz de criar? Aonde estamos chegando? Que sociedade é essa capaz de produzir crime tão brutal? Depois de tudo, segundo relato do menor, Bruno foi tomar uma cerveja à beira da piscina. Parecia tranquilo. Como isso é possível?

Ao ler que ele nasceu em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte, lembrei-me que a cidade é conhecida por abrigar diversas cadeias. Por ironia do seu inacreditável destino, agora tudo indica que Bruno vai voltar às origens e passar lá o resto dos seus dias, ameaçado que está de pegar mais de 50 anos de prisão. É pouco.

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